| 24/09/2001 07h46min
A alta nas cotações do dólar, que neste ano já subiu 43%, pode levar o governo a adotar mecanismos de controle cambial. Integrantes da equipe econômica admitem estudar essa possibilidade, sem comprometer a essência do regime de flutuação, adotado em 1999. O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, porém, considerou ontem uma “bobagem” as informações divulgadas a esse respeito. – Quem me conhece sabe que eu não acredito nessas coisas como saída para nada – disse Fraga, por meio da sua assessoria. O presidente do BC afirmou ainda ter consciência do mal que a simples menção do tema de controle cambial pode causar na economia brasileira. Na sexta-feira, o dólar fechou na cotação recorde no Plano Real de R$ 2,8350, mesmo depois de seis leilões seguidos de oferta de títulos cambiais para tentar segurar a taxa de câmbio. No início da noite de sexta, o BC elevou de zero para 10% a alíquota do depósito compulsório que os bancos terão que fazer sobre as aplicações a prazo. A medida retirará do mercado cerca de R$ 10 bilhões, o que deverá reduzir a compra de dólar pelos bancos. A elevação do compulsório deve também elevar os custos de bancos e da taxa de juros da ponta, cobrada dos clientes em operações de empréstimo e financiamento. Um técnico do governo afirma que medidas mais duras serão adotadas se a estratégia de intervenções do BC no mercado e a antecipação do saque de recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) não surtirem efeito a curto prazo. Nos próximos dias, será convocada uma reunião no governo para discutir a necessidade de reforçar as reservas cambiais do país com o saque da parcela de US$ 4,6 bilhões já liberada pelo FMI, dentro do novo empréstimo de US$ 15,6 bilhões aprovado este mês.
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