| 27/01/2005 22h31min
O clima do primeiro dia de discussões da quinta edição do Fórum Social Mundial repetiu as confusões de 2003: troca de salas, participantes perdidos, programação confusa. Mesmo assim, várias personalidades marcaram o espaço do Território Social Mundial nesta quinta, dia 27.
O teólogo e ex-frade franciscano Leonardo Boff, que participou de evento sobre meio ambiente, disse que a preocupação com o desenvolvimento sustentável cresceu nos últimos anos, mas o conceito já está superado. Segundo ele, não se pode mais continuar a defender apenas o desenvolvimento que não esgota os recursos naturais. É preciso buscar, primeiro, a sustentabilidade do ser humano, e isso inclui justiça social e econômica e o resgate de valores éticos e espirituais.
– Mais da metade da humanidade está excluída. A injustiça social é a injustiça ecológica contra o ser humano – disse Boff.
A exclusão social, aliás, parece ser o tema que perpassa todas as atividades dos 11 eixos temáticos e é alvo de uma campanha mundial – a Chamada Global para Ação Contra a Fome e a Pobreza, cujo lançamento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O assunto fez parte da palestra do prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel. O argentino participou de um painel sobre a situação em que se encontram os países em desenvolvimento em relação ao pagamento da dívida externa, que abriu com uma parábola.
– Certo dia, o cozinheiro de uma certa cidade chamou vários animais e perguntou a eles com que tempero gostariam de ser cozidos? As galinhas, indignadas, reclamaram: senhor, nós não queremos ser cozidas. Ao que o cozinheiro respondeu: sinto muito, mas vocês não têm essa opção.
A coordenadora brasileira da campanha Jubileu Sul pelo não-pagamento da dívida externa, Maria Lúcia Fattorelli, não aceita o argumento dos críticos à moratória da dívida de que o país deixaria de receber investimentos.
– Esse argumento de que uma atitude perante a dívida vai gerar uma represália não é válido, porque o volume de recursos que saem do Brasil é muito maior do que os que entram. Existem enormes interesses envolvidos, e quem está lucrando com esse processo são os próprios organismos financeiros internacionais.
O representante da Action Aid da Ásia, John Samuel disse que a humanidade clama por direitos iguais que permitam o fim da morte de milhões de pessoas todo ano pela fome.
– Eu vim da Índia, onde o tsunami fez com que mais de 200 mil pessoas perdessem a vida. Os ‘tsunamis’ ocorrem também no Congo e em Uganda, na África, onde milhares de pessoas morrem de fome. Isso é intolerável – afirmou Samuel.
A organização Action Aid luta pelo fim da pobreza no mundo desde 1972, com ações de assistência em comunidades em condições de subdesenvolvimento real.
Com informações da Agência Brasil e FSM.
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