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 | 11/01/2005 16h56min

ONU pede doações também para as tragédias esquecidas

Cerca de mil pessoas morrem por dia vítimas de confrontos e doenças no Congo

O principal encarregado de questões assistenciais da Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo aos doadores mundiais para que estendam sua generosidade pós-tsunami aos 26 milhões de pessoas que estão diante da morte em "crises esquecidas" do Congo aos territórios ocupados palestinos.

As ondas gigantes que atingiram 13 países no oceano Índico em 26 de dezembro estabeleceram "novos padrões" para a solidariedade internacional, disse Jan Egeland, coordenador de emergência da ONU.

Ele fez as declarações em uma entrevista coletiva, durante uma reunião entre autoridades de 80 países para prometer ajuda em resposta ao apelo da entidade por US$ 1,7 bilhão, que serão direcionados em 2005 a 14 crises humanitárias negligenciadas. O apelo foi feito em novembro. Desde então, doadores públicos e particulares prometeram bilhões de dólares para ajudar os cinco milhões de vítimas do tsunami na Ásia e na África, demonstrando "o melhor da humanidade", segundo Egeland.

É vital que as boas intenções se traduzam em assistência real, porque foi comum no passado doadores não cumprirem o prometido, acrescentou.

– Temos, especialmente nesse tipo de catástrofe natural dramática, uma desproporção entre as promessas generosas e o dinheiro realmente entregue – afirmou.

Egeland ressaltou que os programas que fornecem alimentos, água limpa e abrigo para 26 milhões de pessoas que lutam para sobreviver em áreas conflituosas também são importantes.

Na República Democrática do Congo, cerca de mil pessoas morrem por dia em consequência de confrontos e doenças. Nos últimos cinco anos, foram três milhões de mortes, segundo a estimativa.

– É possível dizer que há um tsunami a cada cinco meses, entra ano e sai ano, no Congo. E isso pode ser evitado.

Em 2004, a ONU só recebeu US$ 2 bilhões de seu apelo por US$ 3,4 bilhões para socorrer as vítimas de 21 pontos de conflito. O funcionário da ONU comparou o trabalho de arrecadar fundos para a África a um pesadelo. A praga de gafanhotos que atingiu o continente foi um exemplo desse desinteresse. Segundo Egeland, a ONU recebeu "muito pouco e tarde demais".

– Temos que concordar num princípio básico. É tão terrível ser ferido no Congo quanto em Kosovo. É tão ruim ser desalojado no norte de Uganda quanto no norte do Iraque. É tão terrível passar fome em Darfur, no Sudão, quanto nas praias dos países atingidos pelo tsunami.

O choque provocado pelo desastre das ondas gigantes provocou debates em muitos países sobre a ajuda internacional.

– Temos alguns poucos excelentes doadores que realmente tentam separar dinheiro para os esquecidos. Queria que todos fizessem isso – apelou Egeland.

As informações são da agência Reuters.


 
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