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 | 07/01/2005 20h50min

Seca pode levar ecossistema da Lagoa do Peixe ao colapso

Em todo o Estado, 70 municípios estão em situação de emergência

Além dos prejuízos nas lavouras e na produção de leite, a estação seca está atingindo áreas de proteção ambiental. Principal refúgio de aves migratórias do Estado, a Lagoa do Peixe está seca em 70% de sua área. As lagoas do Taim também estão com o nível abaixo do normal.

Sem água, parte das aves migratórias que utilizam as lagunas do Parque Nacional da Lagoa do Peixe como ponto de alimentação e descanso precisarão procurar outras áreas de parada. Apenas 30% dos 40 quilômetros de extensão da laguna ainda resistem. Neles, entretanto, o nível da água está abaixo dos 60 centímetros médios.

Maria Teresa Queiroz Mello, chefe do Parque, diz que o sistema está em estresse hídrico e pode entrar em colapso. Segundo o oceanólogo Antônio Matos, que trabalha no parque, a estiagem do verão passado secou 80% da lagoa. Nas adjacências, há matas de pinus que, segundo o pesquisador, contribuem para sugar a água e piorar o quadro. As 175 famílias de pescadores que vivem na área também estão sendo prejudicadas.

Na Estação Ecológica do Taim, a seca também já causa danos. O nível das lagoas Nicola e Jacaré está abaixo do normal. Os técnicos do Ibama não sabem ainda medir os efeitos da falta de chuvas porque no último ano o Taim se recuperou de três cheias em anos consecutivos que haviam mudando o perfil da reserva.

No Interior do Estado, o número de municípios que informaram situação de emergência à Defesa Civil chega a 70,  Nesta sexta, dia 7, as prefeituras de Tupanciretã, Ipiranga do Sul, Seberi, Caseiros, Faxinalzinho, Rolante e São José do Ouro se somaram à lista de cidades que sofrem com a estiagem.

Um levantamento feito pelo Banco do Brasil apurou que as perdas na agricultura gaúcha já chegam a 28% na lavoura de milho, 22% na de feijão, e 8% na de soja. Sem contar outros prejuízos, como a queda da produção de leite, estimada pela Federação da Agricultura (Farsul) em 15%.

Parte dos prejuízos será recomposta pelo Proagro – seguro agrícola do governo federal. De acordo com a delegacia regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), aproximadamente 200 mil pequenos produtores de milho, soja e feijão têm contratos do Proagro, que garante quitação do financiamento de custeio e ainda uma renda de no máximo R$ 1,8 mil para os agricultores atingidos pela seca.

Nas barragens e reservatórios das usinas geradoras de energia, o volume de água também caiu. Mesmo assim, as usinas ainda operam normalmente. Em algumas hidrelétricas, como Itá e Machadinho, na bacia do Rio Uruguai, os reservatórios tiveram a capacidade reduzida em mais de 50%.

Na Capital, a estiagem está secando o Guaíba e estimulando a proliferação de algas. O sabor da água fornecida pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) está alterado em alguns bairros. Conforme a Associação dos Distribuidores de Água Mineral do Estado, a vendagem do produto aumentou em mais de 40% nos últimos dias.

Para enfrentar o sabor de terra, que tem origem em substâncias liberadas pelas algas, o Dmae iniciou nesta semana a adição de carvão ativado à água bruta em algumas de suas estações. O carvão é eficiente por ter uma grande capacidade de absorção. Melhor equipado do que no ano passado, o departamento tem a expectativa de que os porto-alegrenses não sofram tanto neste verão ao abrir as torneiras.

Com informações de Zero Hora e Rádio Gaúcha.

Veja as imagens da seca no Estado


 
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