O presidente Fernando Henrique Cardoso pretende assinar esta semana medida provisória dando poder de polícia às Forças Armadas, quando elas forem convocadas extraordinariamente. Para às 18h de amanhã, em Brasília, está prevista uma reunião entre FH e 10 governadores, quando o assunto será tratado. O presidente deve explicar aos governantes que a MP permitirá apenas que Exército, Marinha e Aeronáutica substituam as polícias militares, efetuando prisões e entregando detidos à Justiça. As Forças Armadas não ocuparão o lugar da Polícia Civil, que continuará a agir como polícia judiciária. A edição da MP foi confirmada ontem pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, e pelo porta-voz da Presidência, Georges Lamazire. – O poder de polícia não significa nada de mais. É só uma tropa que está atuando no policiamento, com poder para deter pessoas – explicou o general. Para Lamazire, “se as Forças Armadas tiverem de voltar a fazer policiamento nas ruas, que se dê a elas a possibilidade de fazer detenções quando necessário”. O general Cardoso explicou que uma das intenções da MP é “realmente” dar proteção legal a quem vai cumprir a missão de policiamento. Cardoso fez questão de ressaltar que presos não irão para quartel e, em caso de detenção, continuarão sendo conduzidos à delegacia. A proposta do governo de editar MP dando poder de polícia às Forças Armadas já encontrou resistência no Congresso. A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), autora de projetos que propõem reformas na segurança pública, criticou a edição da MP. Zulaiê, que hoje tem uma audiência com Fernando Henrique, disse que vai se queixar diretamente ao presidente.