| 09/05/2001 16h02min
Os frigoríficos catarinenses já estão sofrendo pressão dos pecuaristas para aumentar o preço pago pelo quilo do boi vivo. É o que admite o vice-presidente da Associação da Indústria de Carne Bovina do Estado (Ainbo), Lincoln Peixoto da Silva. A Ainbo reúne 16 frigoríficos com abate inspecionado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) responsáveis por cerca de 65% da carne que chega a açougues e supermercados catarinenses. A pressão é efeito da interrupção da vinda de animais e carne com osso gaúchos, decidida no fim de semana com o registro de foco de febre aftosa no Rio Grande do Sul, e que valoriza ainda mais o produto local. Essa queda de braço – indústria que não quer mexer nos preços e a barganha de produtores – antecipa o que deve dominar o setor a partir do final do mês. Silva espera que a chegada da entressafra na produção bovina do Estado force a indústria local a mudar as tabelas para o varejo. – Agora ameaçamos trocar de fornecedor quando há tentativa de aumento do preço pelo pecuarista. Depois, não teremos como não repassar as altas aos consumidores – previne o industrial. Dono do Frigorífico Santos, com sede em São José na Grande Florianópolis, Silva atende também ao mercado do Sul e Norte do Estado. Na unidade, que abate entre 150 a 180 reses por dia, as férias de funcionários da linha de desossa quepodem ser antecipadas se houver a escassez do produto. O que já ocorre em outras unidades do setor filiadas à Ainbo. A proibiçao da compra de animais vivos e carne com osso do Rio Grande do Sul obrigou muitos frigoríficos a adquirirem cortes sem osso do Centro-Oeste do país. O problema é que as indústrias perdem poder para definir seu preço. Os concorrentes de fora também passaram a vender a sua carne direto para o varejo. O vice-presidente da Ainbo aposta que na reunião nesta quinta-feira do Fórum Nacional de Secretários de Agricultura, em Florianópolis, seja liberada a aquisição do produto gaúcho, uma das propostas do governo catarinense desde que mantido o controle da sanidade. O melhor mesmo, admite o industrial, é que o secretário Odacir Zonta autorizasse a vacinação contra a aftosa dentro do Estado. Ao repetir a imunização, Santa Catarina perderia a condição isolada de ser o único Estado brasileiro com certificado de zona livre da doença sem vacinação.
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