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O Ministério Público Federal obteve documentos indicando que o contrato com a Gtech Brasil, renovado pela Caixa Econômica Federal (CEF) em abril de 2003, resultou em um prejuízo de R$ 100 milhões à instituição. O valor é equivalente ao investimento feito pela Caixa para se tornar auto-suficiente no processamento de loterias, desperdiçado com a renovação do contrato com a Gtech por 25 meses. A multinacional detém atualmente o monopólio do serviço de processamento de jogos da CEF. O Ministério Público solicitará à Polícia Federal abertura de inquérito para apurar responsabilidades da Caixa pela retenção de documentos relativos às negociações com a Gtech.
Esses documentos, segundo o requerimento, deixam claro que a multinacional havia concordado em renovar o contrato por seis meses, retirando todas ações na Justiça contra a Caixa. E que o prazo seria suficiente para a CEF se preparar para assumir os serviços de processamento, captação e transmissão de dados dos jogos. O contrato com a Gtech, porém, acabou sendo renovado por 25 meses, no valor de R$ 650 milhões, com desconto de 15% em relação ao valor original. A Polícia Federal investiga a suposta intervenção do ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz, acusado de cobrar propina em campanhas eleitorais em 2002, na operação.
No requerimento encaminhado à Polícia Federal, os procuradores destacam que, no final de 2002, a CEF negociava com a Gtech um desconto de 25% para a renovação do contrato, já que assumiria o processamento de dados das loterias. Os procuradores ainda solicitam que o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, seja ouvido a respeito da retenção e do conteúdo dos documentos. Desde o início da investigação dos contratos da Caixa com a Gtech, os procuradores requisitaram à estatal o envio da documentação relativa ao assunto, pedido que, segundo eles, não foi atendido.
Os documentos mostram que o conteúdo das notas técnicas da Caixa relativas ao contrato com a Gtech mudaram entre dezembro de 2002 e março de 2003 e são assinados pela mesma pessoa, o superintendente nacional de Projetos Especiais, Carlos da Silva Cartell.
Em 31 de dezembro de 2002, Cartell encaminhou ao vice-presidente da Gtech, Marcos Andrade, ofício propondo a renovação do contrato por seis meses e desconto de 25%, já que a multinacional deixaria de fazer o processamento de dados das loterias. No dia 28 de março, Cartell assina nota técnica dizendo que seriam necessários 18 meses para a implantação do novo modelo do Canal Lotérico. Com base nesse parecer, a Caixa renovou o contrato por 25 meses.
As informações são do jornal Zero Hora.
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