| 02/03/2004 21h29min
Em sua primeira aparição pública após as denúncias de corrupção que abalaram o Planalto, o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz recusou-se a responder as perguntas no depoimento dado à Polícia Federal na terça, dia 2, e afirmou que só falará em juízo.
O ex-assessor palaciano foi indiciado por prevaricação, sob a acusação de ter facilitado a sonegação de impostos de casas de bingos quando era presidente da Loteria do Estado do Rio (Loterj), entre 2001 e 2002. Na saída do segundo depoimento, disse ser inocente e confiante na Justiça.
– Neste momento sou o maior interessado em buscar a verdade e provar minha inocência. Estou confiante na Justiça brasileira. As investigações estão sendo desenvolvidas pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pela Justiça brasileira – afirmou Waldomiro a jornalistas ao sair da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.
O ex-assessor deve depor na quarta, dia 3, em inquérito no Ministério Público, segundo a PF, mas seu advogado não confirmou. Ele chegou de táxi, acompanhado de dois advogados, Luis Guilherme Vieira e Amilcar Siqueira, e o depoimento durou cerca de uma hora. O delegado Antonio Cesar Nunes fez 50 perguntas a Waldomiro no inquérito que apura a denúncia de pedido de propina a um empresário do jogo em 2002, quando ele era presidente da Loteria do Rio de Janeiro, a Loterj.
– Orientamos o sr. Waldomiro a exercer seu direito de silêncio – disse a jornalistas também na saída o advogado Luis Guilherme Vieira.
O advogado tentou afastar o aspecto político do caso, inevitável já que Waldomiro era assessor parlamentar da Casa Civil, comandada pelo ministro José Dirceu.
– É público e notório que se tenta vincular este fato à autoridades para dar a este caso um cunho político – afirmou Vieira.
Em declaração entregue ao delegado, os advogados ironizam o empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, a quem acusam de "se escudar posando de vítima diante do Ministério Público''. Em seu depoimento ao Ministério Público, Ramos teria afirmado que foi extorquido por Waldomiro.
Os dois foram flagrados em fita de vídeo em que Waldomiro pede dinheiro a Ramos para si próprio e para campanhas de governadores. Na nota, os advogados admitem que o silêncio não significa admissão de culpa.
Segundo a PF, Waldomiro transpirou muito durante o depoimento. Ao responder as perguntas iniciais sobre nome, CPF, endereço ele deu um tom de deboche à questão sobre sua profissão, dizendo ser "funcionário público". Ele foi exonerado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando a fita foi divulgada pela revista Época, em 13 de fevereiro.
Antes do depoimento, um advogado da Advocacia Geral da União (AGU) entregou uma intimação a Waldomiro para que ele compareça em 12 de março a depoimento na comissão de sindicância criada pelo Palácio do Planalto para investigar o caso. Um dos advogados teria dito que ele não poderia comparecer naquela data.
Ele prestou um segundo depoimento, desta vez ao delegado Herbert dos Reis Mesquita do inquérito sobre improbidade administrativa e envolvimento com irregularidades com bingos no período em que era presidente da Loteria do Rio de Janeiro, Loterj. Nesse inquérito, Diniz foi indiciado por prevaricação.
Waldomiro e seus advogados foram embora da PF também de táxi. Seguiram para o apartamento de Waldomiro. No trajeto, o advogado Vieira teria dito a Waldomiro: "Tudo certo", segundo o motorista do carro.
As informações são da agência Reuters.
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