| 23/01/2004 17h46min
Após diversas especulações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou oficialmente nesta sexta, dia 23, a reforma ministerial em solenidade no Palácio do Planalto. Para amenizar os ânimos, ele chegou a brincar
no início de seu pronunciamento. Lula afirmou que chegaram até a dizer que a pressão da reformulação no governo fez com que ele ficasse de boca torta, sem sorrir.
– Uma reforma do governo é sempre um momento doloroso do ponto de vista político e humano – declarou o presidente antes da divulgação.
O presidente confirmou que Eduardo Campos (PSB-PE) assumirá o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia, no lugar de Roberto Amaral. Entre as novidades está a nomeação de Jacques Wagner para o Conselho de Desenvolvimento Social no lugar de Tarso Genro. Outra surpresa foi o nome da ex-reitora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Nilcéa Freire, para substituir Emília Fernandes (PT-RS), na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) comandará a nova Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Constitucionais, auxiliando o chefe da Casa Civil, José Dirceu, nas articulações com o Congresso. Quando comunicou a indicação de Rebelo, o presidente fez um elogio à atuação de Dirceu. Lula disse que seriam necessários dois Golias para tratar da administração interna e dos contatos com o Congresso. Apesar de deixar clara a necessidade de mais uma pessoa, Lula afirmou que Dirceu conseguiu dar conta do recado.
Mesmo dividindo suas atribuições, o ministro Dirceu saiu fortalecido da reforma ministerial. Com as alterações, o governo transferiu a parte de gestão, atualmente a cargo do Ministério do Planejamento, para a Casa Civil. Dirceu atuará como uma espécie de gerente do governo, cobrando resultados dos demais ministros.
Ao comunicar que o ministro das Comunicações, Miro Teixeira (sem partido-RJ), será o líder do governo na Câmara dos Deputados, o presidente se atrapalhou, causando risadas no público presente ao anúncio. Lula primeiro comunicou que Teixeira assumiria como líder do PT, e logo depois corrigiu o ato falho. Já Tarso Genro (PT-RS), como anteriormente havia sido divulgado, assume o Ministério da Educação. Por sua vez, Cristovam Buarque (PT-DF) volta a ocupar o seu cargo como senador.
O até então ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, está agora à frente do Ministério do Trabalho e Emprego no lugar de Jacques Wagner. O senador Amir Lando (PMDB-RO) assume a Previdência Social. Patrus Ananias (PT-MG) será o novo ministro do Desenvolvimento Social, pasta criada para abranger todas a área social do governo. Com essa mudança, serão extintos o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, comandado por José Graziano, e o Ministério da Assistência Social, que tinha à frente Benedita da Silva.
Após ler os nomes dos novos ministros, Lula percebeu que ainda faltava um em sua lista. Por último, ele lembrou da indicação de Eunício Oliveira (PMDB-CE), que ocupará a vaga no Ministério da Comunicação.
Em seu pronunciamento, Lula acrescentou que a realização dessas mudanças é difícil porque ele, ao longo do tempo, estabeleceu uma relação de amizade com sua equipe. Apesar de comentar sobre a dificuldade em mandar embora os companheiros de trabalho, Lula salientou:
– Não se pode permitir que a relação de amizade seja a prática política para se manter um governo – disse.
– É sempre difícil dizer a um timoneiro que ele não está mais na direção do seu barco – comentou.
Ele reiterou que não pretendia fazer uma reformulação na base do conta-gotas, a cada mês ou a cada 15 dias. Por isso, esse anúncio será definitivo. Lula descartou qualquer outra mudança, a menos que haja algum evento excepcional.
– Eu resolvi fazer toda a reforma de uma só vez. Ao consolidar esse ato, está consolidada a reforma ministerial – declarou.
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