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A 34ª edição do Fórum Econômico Mundial (FEM), na pequena cidade de Davos, será aberta nesta quarta, dia 21, com o objetivo de "quebrar definitivamente o gelo" entre emissários europeus e americanos, após a desunião conseqüente da guerra no Iraque e retirada de Saddam Hussein do poder. A retomada de negociações de paz envolvendo o Paquistão e a Índia, contudo, e o anúncio de que o coronel Muamar Kadafi, da Líbia, desistirá de investir no programa de armas de destruição em massa, têm colaborado para o sentimento de esperança do fórum.
No entanto, nem só de bons fluidos vive Davos. A recuperação sustentável da economia mundial ainda não é certeira. A expectativa de que os Estados Unidos, como no fim dos anos 90, funcionem como a locomotiva do planeta, puxando os outros vagões, tem deixado ansiosos empresários e governos de todos os continentes. Nos últimos meses do ano passado, a produção dos EUA ganhou fôlego e o desemprego apresentou ligeiro arrefecimento. Por outro lado, o valor das "notas verdes" vem caindo, com o estrondoso déficit nas contas públicas, e isso pode obrigar o Banco Central Americano (FED) a elevar as taxas de juros para controlar a inflação.
Essa possibilidade assusta principalmente os países pobres. Se isso acontecer, os recursos de mega-investidores podem voltar para onde estavam. Ou seja, deixar o Sul – entre eles o Brasil – e buscar abrigo nas Bolsas americanas, mais seguras e que ficarão mais atrativas aos olhos dos que têm dinheiro.
A Europa, por sua vez, ainda aprende a lidar com a supervalorização do Euro. Esse fenômeno desestimula as exportações da região, uma vez que os produtos ficam caros, e incita as importações. Desse modo, a balança comercial dos países integrantes do bloco econômico torna-se deficitária, o que tem provocado um surto de discussões na tentativa de equacionar o problema.
A questão é que ele não se encerra em números que indicam azul ou vermelho nas contas do comércio. Quem compra mais do que vende, gera desemprego e aumenta os gastos com benefícios e seguros. O Brasil está de olho no assunto porque qualquer sobressalto pode interferir nas contas externas que em 2003 tiveram seu melhor momento, com saldo recorde.
Outro fator que pode provocar instabilidade em Davos e arranhar a pintura do encontro na Suíça e, por tabela, a da globalização são as persistentes fraudes contábeis em empresas gigantes, do porte das que patrocinam o Fórum Econômico Mundial. O que ocorreu com a Enron, a MCI, controladora da Embratel, e com a Worldcom, no ano de 2001, é um pesadelo que não cessou. Até mesmo porque a Parmalat, no fim do ano passado e agora, alimenta esse temor. O que se verá, portanto, em Davos, nos próximos cinco dias, são os teóricos da globalização dos anos 90 tendo de aperfeiçoar o "latim" para convencer a todos de que o modelo econômico ainda é o melhor para o mundo.
Com informações da Agência Brasil.
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