| 19/03/2001 20h08min
Em reunião com membros do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa), representantes da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) apuraram a denúncia de que um laboratório argentino estaria manipulando um espécime de vírus da febre aftosa, inexistente em toda a extensão da América Latina. O coordenador do Fórum Nacional de Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, informou que os laboratoristas da Argentina esperam elaborar uma vacina contra esse tipo de microorganismo, buscando a comercialização da droga na ilha chinesa de Taywan. A informação foi divulgada pela jornalista Ana Amélia Lemos, na RBSTV. O professor de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o virologista Paulo Roehi, informou que são necessárias normas de controle biológico para se realizar esse tipo de trabalho. Roehi acredita que os prejuízos seriam enormes se o vírus O-Taywan chegasse aos campos dos países da América Latina. Nesse contexto, haveria um agravante nas regiões onde não há o processo de vacinação preventiva dos rebanhos. Essa é a situação do Rio Grande do Sul. No Estado, os animais estão suscetíveis a qualquer microorganismo, já que os bovinos gaúchos não estão sendo mais imunizados. Em territórios como esse, a doença atingiria proporções alarmantes. Segundo, Roehi, praticamente todo o rebanho seria contaminado se não fossem pensadas formas de se combater o problema. Para o virologista da UFRGS existem duas maneiras de se tratar a questão. A primeira seria o sacrifício das cabeças contaminadas, sem a utilização de vacinas. A segunda – com custos mais elevados – valoriza a elaboração de uma droga específica para o tipo de agente causador. Mesmo assim, Roehi afirma que o processo levaria alguns meses, o que fatalmente seria suficiente para a proliferação da doença. Atualmente, a imunidade animal compreende um período de seis meses a um ano, dependo da necessidade da revacinação. O processo de elaboração do medicamento parte do recolhimento de uma amostra do vírus que afeta o animal, para em seguida, multiplicar esse microorganismo em laboratório, inativando suas propriedades. A partir de então, ficam mantidas as características antigênicas do agente (aquelas que apresentam uma reação a anticorpos). A formação do produto é concluída pela potencialização dessas características pela utilização de uma substância química conhecida como adjuvante.
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