O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juro da economia em dois pontos percentuais. Numa decisão esperada pelo mercado, a Selic passa de 22% para 20% ao ano, sem viés – ou seja, uma nova alteração na taxa só poderá ocorrer após a próxima reunião do comitê. O novo percentual foi anunciado no final da tarde desta quarta, dia 17, ao final do segundo dia da reunião mensal do Copom.

Essa é a taxa que ficará em vigor até o dia 22 de outubro, data da próxima reunião do Copom e é a menor taxa desde outubro de 2002, quando a taxa Selic estava em 18% ao ano. Desde junho deste ano, o Copom iniciou o movimento de redução dos juros. Em junho, o corte foi de 0,5 ponto percentual; em julho, de 1,5 ponto percentual; e em agosto, de 2,5 pontos percentuais.

O corte nos juros em setembro já era projetado por economistas nos últimos dias. O comportamento da inflação, a valorização do real frente ao dólar e até a recuperação mais lenta da economia foram considerados pelos membros do Comitê como aliados para uma redução da Selic. Como o BC vem administrando o sistema de metas de inflação de forma ortodoxa, a maior mudança apontada pelos especialistas é nos índices de preços. As decisões do Copom são tomadas dentro do sistema de metas de inflação. Conforme o sistema, o comportamento dos preços, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o foco de toda a política monetária. O que está mudando é que os dados mostram a quase eliminação da inflação inercial (reajuste de preços em cadeia) o que permite que o BC baixe os juros mais rapidamente.

Além disso, o ritmo da economia brasileira também indica uma tendência de que o governo deva afrouxar a política monetária para incentivar o crescimento. A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) caiu de 1,6% para 0,5% neste ano. No varejo, os juros altos provocam queda nas vendas: julho foi o oitavo
mês seguido de retração, com uma baixa de 4,36% em relação a julho de 2002. Desde janeiro, as vendas caíram 5,42% na comparação com igual período do ano passado.

As razões para a decisão do Copom serão conhecidas na quinta da próxima semana, quando o Banco Central divulgará a ata da reunião.