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Marchando em um mar de bandeiras islâmicas, milhares de pessoas compareceram nesta segunda, dia 25, aos funerais de quatro militantes do Hamas mortos em um ataque israelense, classificado pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) como uma tentativa de "assassinar'' o plano de paz na região.
– Querida Qassam, queremos mártires, mais sacrifício – diziam os alto-falantes durante a procissão na Cidade de Gaza, convocando o braço armado do Hamas, as Brigadas Izz el-Deen Al Qassam, a se vingar do bombardeio de domingo.
Os incidentes da semana passada marcaram o fim da trégua, que deveria durar três meses, e prejudicaram o primeiro-ministro reformista palestino, Mahmoud Abbas, que ainda tenta se impor frente ao presidente Yasser Arafat. Em uma aparente tentativa de reforçar seu controle sobre os serviços palestinos de segurança, Arafat nomeou um novo assessor para esse assunto.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, reagiu à escalada de violência pedindo a Abbas e a seu ministro da Segurança, Mohammed Dahlan, que ajam para desmantelar os grupos militantes, como prevê o plano de paz norte-americano. A nomeação de Jibril Rajoub, ex-chefe de segurança na Faixa de Gaza, no entanto, pode duplicar as responsabilidades dentro da Autoridade Palestina, complicando a tarefa de combater os militantes.
O próprio Rajoub, porém, disse que sua nomeação serve para diminuir as diferenças que separam Arafat de Abbas, um moderado que não conseguiu tirar vantagem política da trégua e que teme que uma ação dura contra os militantes resulte em guerra civil.
O ministro palestino Yasser Abed Rabbo disse que a responsabilidade pelos atuais incidentes é de Israel.
– Acho que o governo (do primeiro-ministro Ariel) Sharon planeja assassinar o plano de paz, e alguns extremistas no governo dos EUA estão facilitando essa missão para Israel – afirmou ele em Ramallah.
O vice-ministro israelense da Defesa, Zeev Boim, disse que o plano de paz está "na sala de emergência'' e que só será possível "tratar esse conflito doentio'', quando os palestinos começarem a combater os grupos militantes. O plano de paz prevê medidas mútuas pelo fim da violência e a criação de um Estado palestino até 2005.
No ataque desse domingo, Israel matou um comandante das Brigadas Qassam, Ahmed Shtewe, de 24 anos, e outros três militantes. O bombardeio foi um cumprimento da promessa do general Moshe Yaalon, comandante do Exército israelense, que ameaçara perseguir os militantes se a Autoridade Palestina não o fizesse.
Na quinta-feira, Israel já tinha matado um líder do Hamas, Ismail Abu Shanab, provocando uma promessa de vingança por parte desse e de outros grupos palestinos. O assassinato de Shanab foi uma retaliação de Israel ao atentado suicida que matou 21 pessoas em um ônibus de Jerusalém, na última terça.
No funeral desta segunda, o Hamas fez uma paródia da operação militar palestina destinada a fechar os túneis entre o Egito e a Faixa de Gaza, que permitiriam o tráfico de armas para os palestinos.
– E daí? Eles não gostam que as Brigadas Qassam fabriquem armas com suas próprias mãos. Então que fechem os túneis – disse um orador.
Desde o fim da trégua, o grupo lançou vários foguetes Qassam, semi-artesanais, contra assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e contra o sul de Israel. Não houve vítimas.
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