| 20/08/2003 14h37min
O Banco Central (BC) surpreendeu o mercado nesta quarta, dia 20, ao cortar a taxa de juro básica do país em 2,5 pontos percentuais, para 22% por considerar que a inflação está convergindo favoravelmente para as metas estabelecidas pelo governo. É o menor patamar desde dezembro do ano passado.
A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de reduzir a Selic pelo terceiro mês consecutivo era esperada por investidores e analistas financeiros, mas a expectativa era de um corte menor, já que o BC vem defendendo o gradualismo para a política monetária.
– Sempre confio na capacidade do Copom tomar as decisões corretas, na hora correta, e no tamanho adequado. É preciso olhar o que ocorreu durante todo o ano. O Copom fez uma política monetária que se associou à política fiscal do Ministério da Fazenda, políticas duras, políticas severas. Mas o resultado agora aparece, a inflação está progressivamente sendo eliminada da vida dos brasileiros – afirmou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, após o anúncio da decisão.
Em junho, o BC reduziu a taxa em meio ponto percentual, para 26% ao ano, e em julho promoveu um novo corte, para 24,5%. A redução desta quarta foi a maior desde maio de 1999, quando a Selic caiu de 27% para 23% ao ano.
– Dados divulgados desde a última reunião do Copom confirmam os resultados positivos obtidos pela política monetária em fazer a inflação convergir para a trajetória das metas. Diante desse quadro e dentro de uma estratégia gradualista de flexibilização da política monetária, o Copom decidiu fixar, por unanimidade, a taxa Selic em 22% ao ano, sem víes – disse o Copom em comunicado.
A última vez que a taxa esteve neste patamar foi em dezembro, quando foi elevada de 22% para 25% ao ano, em meio a uma escalada inflacionária gerada por incertezas relacionadas à mudança de governo.
Todos os 20 analistas ouvidos em pesquisa da agência Reuters na semana passada esperavam queda dos juros, sendo que 14 economistas esperavam queda de 1,5 ponto e 6 acreditavam em corte de 2 pontos percentuais. O BC vinha sendo criticado por adotar uma política excessivamente conservadora na redução dos juros, mesmo com a inflação dando sinais de arrefecimento e a atividade econômica estando praticamente estagnada.
– Acho que eles (diretores do BC) estavam presos a decisões graduais e, no momento deles, resolveram ser um pouco mais ousados e eu acho que cabe exatamente isso – afirmou Sérgio Werlang, ex-diretor do BC, hoje na diretoria do Banco Itaú.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,20% em julho, após a deflação de 0,15% em junho, mas o avanço deveu-se a fatores pontuais como reajustes de tarifas públicas. No ano, o índice acumula uma alta de 6,85%, ante uma meta de 8,5%. Para 2004, a meta fixada pelo governo é de 5,5%.
O movimento de corte de juros estava sendo amplamente esperado pelo setor produtivo, que vem divulgado números fracos de produção e vendas no primeiro semestre. Em mais uma tentativa de estimular o consumo e a economia, o BC cortou este mês também o recolhimento compulsório sobre depósitos à vista dos bancos, de 60% para 45%.
As informações são da agência Reuters.
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