| 23/07/2003 21h39min
A redução da Selic, a taxa básica de juros da economia, em 1,5 ponto percentual, de 26% para 24,5% ao ano, anunciada nesta quarta, dia 23, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), "atendeu às expectativas do mercado" de acordo com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.
Segundo Furlan, "ninguém esperava que um órgão que é sempre caracterizado como conservador" adotasse uma postura "que não estivesse de acordo com a tradição". O ministro lembrou que a decisão reafirma a tendência de queda das taxas de juros, aproveitando uma conjuntura de "inflação baixa, contas públicas em ordem e risco-país" querendo quebrar a barreira dos 700 pontos. Furlan disse também que até o fim do ano, o Copom se reunirá mais cinco vezes e que "as premissas para o ciclo virtuoso do crescimento estão sendo construídas".
Ao ser questionado se ainda haveria tempo para "salvar 2003", o ministro disse considerar que, com relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o ano está salvo.
– Não podemos dizer que o crescimento do PIB é algo negativo – disse referindo-se à estimativa de 1,5% para este ano. – É só olhar o crescimento da Europa, dos Estados Unidos e do Japão e vamos ver que não estamos muito fora do contexto – completou.
Reafirmando o discurso do governo de que o crescimento virá sobre bases mais consistentes, Furlan destacou que o esforço feito nos primeiros seis meses do ano foram para "para construir um alicerce de credibilidade que nos dá condições agora de construir um prédio maior".
Mesmo em linha com a maioria das apostas do mercado, o corte de 1,5 ponto percentual na Selic foi recebido com certa decepção até mesmo por analistas de mercado. O corte foi o maior desde maio de 1999, mas a Selic de 24,5% ainda resulta num juro real elevado e não anima a indústria e o comércio, preocupados com a demora na retomada do crescimento.
A estratégia do Copom, de queda gradual dos juros, desagradou especialmente a indústria. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, afirmou por meio de nota que a decisão do BC é inexplicável e mostra excesso de zelo:
– Ameaça agravar o quadro atual de desemprego e deteriorar ainda mais a saúde financeira das empresas. Ainda não vimos o fundo do poço.
As projeções de queda da inflação permitiram a redução da taxa Selic, justificaram os integrantes do Copom, por meio de nota. Foi a segunda vez no governo Lula que o Banco Central (BC) diminui o juro básico. A primeira, de 0,5 ponto percentual, ocorreu no mês passado. A decisão do Copom foi unânime e não foi adotado viés, mecanismo que permitiria uma alteração da taxa antes da reunião de 19 e 20 de agosto.
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