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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou forte impressão e foi aplaudido de pé pela comunidade acadêmica internacional reunida nesta segunda, dia 14, na London School of Economics and Political Science (LSE) para assistir a uma aula em que o governante expôs objetivos ambiciosos de liderança em política externa e de avanços na área social.
Em discurso ora lido ora improvisado, Lula expressou não só o desejo de alcançar maior integração no Mercosul e na América Latina como um todo, mas também de unir os países em desenvolvimento do mundo.
– Nossa prioridade é a América do Sul. A reconstrução do Mercosul deverá ir alem da união aduaneira, articulando políticas agrícolas, industriais, sociais, culturais, de ciência e tecnologia, inclusive caminhando na direção de um parlamento. Mais adiante devemos chegar à moeda única – afirmou o presidente.
Lula arrancou fortes aplausos ao dizer que todos no Brasil já ouviram falar de maior integração na região, mas isso nunca ocorreu de fato "porque a elite que governou o Brasil durante décadas e décadas só olhava para a Europa e para os Estados Unidos, e pouco olhou para a América do Sul". Não satisfeito, Lula falou também sobre o Oriente Médio, a África, Europa e os Estados Unidos, em um claro "esforço de campanha" por um assento fixo para o Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Para ele, é necessária a união dos países em desenvolvimento "por uma ordem política e econômica mais justa e democrática".
– Buscamos, para além da nossa região, estreitar o contato com grandes países em desenvolvimento como a China, a Rússia e porque não dizer a Índia. Tivemos a primeira reunião de chanceleres do Brasil, África do Sul e Índia, e conseguimos assim uma espécie de G3 do sul – acrescentou o presidente.
A platéia também apreciou muito as explicações de Lula sobre o "Fome Zero". Segundo o presidente, o debate sobre a pobreza, o analfabetismo, a fome, não é uma coisa simples.
– É mais fácil discutir outros assuntos que a sociedade está acostumada a discutir do que fazer as pessoas que comem terem pena das pessoas que não comem – afirmou.
A LSE teve de mudar a aula pública de Lula para um teatro maior do que o escolhido inicialmente devido à enorme demanda por ingressos. Os estudantes ficaram impressionados com o carisma e a decisão do presidente, que adentrou o teatro usando um boné com o emblema da escola.
– Ele está colocando o Brasil de forma mais agressiva em questões de política externa. Isso é significativo, mostra que o Brasil quer assumir um papel de liderança na América Latina – disse o doutorando austríaco Gunther Schonleitner, do curso de estudos do desenvolvimento.
O aluno canadense de mestrado em política comparada David Waldenberg se disse emocionado com a chance de ver Lula em pessoa.
– Se você conhece a história de vida deste homem e você o vê ao vivo, é tocante – derreteu-se o estudante.
O mais exaltado, no entanto, foi o próprio diretor da LSE, que se derramou em elogios ao apresentar Lula à platéia.
– Lula diz que quer uma chance de mudar o Brasil. Eu acredito seriamente que ele tem uma chance de mudar o mundo – disse Anthony Giddens.
As informações são da agência Reuters.
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