| 03/09/2011 08h09min
Em 1987, era uma pequena localidade, com suas casinhas modestas, poucos habitantes, mas com muita hospitalidade, comida campeira, bebida, música e declamações. Essa era a dimensão do Acampamento Farroupilha, na época em que o Parque da Harmonia passou a chamar-se Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.
O tempo foi passando e as tradições não só foram mantidas, como multiplicadas. A cidade dos gaúchos, erguida todos os anos dentro de Porto Alegre, cresceu. Tornou-se uma metrópole, tem mais de 370 piquetes, edificados com amor e com suor, além de uma estrutura que se parece mesmo com a de um município.
Porteiras serão abertas
A partir de quarta-feira, dia 7, o Acampamento Farroupilha abre oficialmente as porteiras para receber aqueles que cultivam a tradição gaúcha. O Diário Gaúcho antecipa para os visitantes - um milhão de pessoas são esperadas - o que será possível encontrar nesta cidade.
Quem nem joão-de-barro
A cidade da gauchada não é erguida de um dia para o outro. Inúmeros braços fortes e disponíveis são necessários para que as costaneiras enfileiradas deem forma aos galpões. O pedreiro Luiz Carlos Rublesque, 50 anos, trabalhou na montagem de 11 piquetes nesta edição - iniciada no dia 20 de agosto. No ano passado, ele contabilizou R$ 3,5 mil de lucro porque, além de construir galpões, toca bateria e canta numa banda gaudéria, que se apresenta durante a festa. Há cinco anos ele atua na montagem.
– Isso aqui é como uma escultura (sobre os piquetes). Durante o acampamento, eu faço móveis de madeira e troco por cerveja e churrasco - conta Luiz Carlos.
Alcimar Chaves, 35 anos, vem de Gravataí para trabalhar na construção, e, depois, traz a família para o evento:
– Eu gosto de fazer porque é um trabalho rústico, por isso mais valorizado. Tem piquete que dá dó de desmanchar.
O forasteiro
Estupefato. Assim ficou o técnico em informática Maurício Willrich, 32 anos, quando chegou de Osório, de mala e cuia, para participar do Acampamento Farroupilha.
– Eu fiquei apavorado quando cheguei. É uma cidade dentro de outra cidade, demorei a me achar - conta Maurício, que é patrão de um piquete em Osório, no Litoral Norte, e está acostumado a acampar em barracões de lona.
Maurício vai se aquerenciar no Piquete Camboatá, que é familiar e já tem lugar garantido no Acampamento há 12 anos. Esta, porém, é a primeira vez que o técnico participa. Como um legítimo capataz de estância, ele tem cuidado de tudo no galpão e já se diz enturmado no acampamento
– É como uma família - afirma, sorvendo o mate.
O bolicho
De portas abertas desde o dia 21 de agosto, o Mercado Machado garante o churrasco, a bebida e a salada de muito gaúcho que não leva os mantimentos para o parque. Há quatro anos, o mercadinho se estabelece no local e chega a vender 7 mil quilos de carne em um único final de semana - carne e cachaça são os itens mais vendidos -, diz o dono, Roque Machado, 41 anos. Tanto a costela quanto o carvão chegam a vir duas vezes por dia para abastecer o comércio, que tem até itens de ferragem.
– Quando começa o acampamento, chegamos a ter 34 pessoas trabalhando para atender. Tem vezes que fechamos as portas de tanta gente que tem. Trabalhamos quase 24 horas, mas aqui é uma diversão - afirmou Roque, ao lado da esposa Isete Vallandro, 41 anos, que espera o ano todo pelo evento e, inclusive, tira férias para trabalhar no parque.
Na hora do café
Nem só de churrasco vive a gauchada. Um bom café com pão quentinho, um salgado ou uma cuca também matam a fome de quem está no acampamento. E é na Padaria do Gatto que, há oito anos, é possível encontrar esses quitutes a qualquer hora, já que o comércio abre às 7h e não tem hora para fechar.
O dono, José Carlos Gatto, 55 anos, conta que, em três dias, a padaria chega a vender 25 mil cacetinhos. Dois fornos, com capacidade para assar cem e 150 pães por vez, não param durante o evento.
- Um mês antes do acampamento já começamos a trabalhar. Aqui não é um minimercado, é uma padaria. O forte é o pão, mas temos café, frios, cucas e salgados - explica.
Show de Elton Saldanha dá início à bailanta
As rádios Rural, Gaúcha, Farroupilha, Cidade e Atlântida, a RBS TV e a TVCOM estarão presentes no Acampamento, fazendo a cobertura completa do evento. Entre as atrações transmitidas diretamente do parque estarão os programas dos comunicadores Sérgio Zambiasi e Gugu, o Sala de Redação, o Jornal do Almoço, Brasil de Bombachas, Galpão Crioulo, a Ronda dos Festivais, o Pretinho Básico, entre outros. A Rádio Rural fará todos os seus programas do Acampamento.
A cobertura começa oficialmente no dia 7, às 16h, com show do cantor Elton Saldanha. Você pode conferir a programação todos os dias no Diário Gaúcho.
Cidade Farroupilha
Praça de Alimentação
Além da padaria e do mercado, é possível encontrar revendas de gelo, lenha e carvão, depósito de bebidas, churrascaria, restaurantes típicos e de frutos do mar. Também foram montados estandes que venderão peixe, entrevero (sanduíche com carne de churrasco), pastel de carreira e produtos coloniais, como queijo, salame, pão, cucas e doce de leite.
Saúde
O posto de saúde, ao lado do Centro de Eventos, funciona 24 horas com sala de atendimento de emergência e duas ambulâncias de atendimento básico.
Segurança
Além da Brigada Militar, o Acampamento terá de novo uma delegacia da Polícia Civil, com plantão 24 horas, para o registro de ocorrências a qualquer hora do dia. Fica ao lado do Centro de Eventos.
Estacionamento
Fica na área do Fórum, na Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, 185. Custará R$ 15 e contará com cem vagas. Na Rua Otávio Francisco Caruzzo da Rocha, 600, há dois estacionamentos, com
480 vagas. Preço: R$ 15.
Comércio
Há uma feira de artesanato e lojas que vendem artigos tradicionalistas em vários pontos do parque. São roupas típicas e acessórios, como botas, lenços e facas para compor a pilcha. Além disso, são ofertados artigos de bazar, móveis rústicos, kit para jogo de bocha, licores, entre outros. A feira fica no centro do parque, com 60 estandes. As lojas ficam nas proximidades do Centro de Eventos e da Fazendinha, onde ocorrem as provas campeiras.
Limpeza
O DMLU terá uma equipe permanente e exclusiva de 65 pessoas, das 8h às 23h, de segunda-feira a domingo, no trabalho de limpeza do parque. Foram colocados cem tonéis laranja para o lixo seco e 60 tonéis verdes para o lixo reciclável. A coleta será feita três vezes por dia. Em 2010, o DMLU retirou cerca de 1,5 mil toneladas de lixo - média de dez toneladas por dia.
Fique de olho
Nesta edição, será apresentada a pré-estreia do filme Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto, no dia 15 de Setembro. Também foi montada uma minifazenda, que vai funcionar de 8 a 20 de setembro, com vários tipos de animais, hortas e pomares.
Atrações
No palco, junto à Feira de Artesanato, serão realizados shows e apresentações artísticas. Além disso, haverá uma série de bailes e tertúlias.
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