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Semana Farroupilha  | 18/09/2010 16h58min

Tradicionalistas improvisam versos em São Miguel das Missões

Vencedores serão conhecidos no final da noite

Silvana de Castro  |  silvana.castro@zerohora.com.br

Ser desafiado em versos num palco, ao som de gaita, rimando palavras que surgem de improviso não é fácil. Mas para um grupo de 20 gaudérios que participam neste sábado de um festival de trovas em São Miguel das Missões a tarefa é moleza.

Confira em vídeo a apresentação dos participantes



Durante todo o dia, ocorre no município o 1o Eco do Sino Missioneiro da Trova, no CTN Sinos de São Miguel. Os vencedores serão conhecidos no final da noite. A trova é feita em duplas. Os concorrentes e o tema são sorteados na hora. Um desafia o outro nos versos. O trovador, além de pensar o que vai cantar de improviso, tem que prestar atenção no que o desafiante entoa.

Os temas são os mais diversos. O primeiro deles sorteado já mostrou o quanto tem que ser criativo para entrar para o mundo da trova. A primeira dupla, Adão Bernades e Hidalgo Rodrigues, se desdobraram para cantar sobre o tópico 'Eu Calço o Pé na Macega'.

Como tudo é criado na hora, falhas e esquecimentos são parte da rotina dos trovadores. Morador de Passo Fundo, Luiz Carlos Araújo, 59 anos, por exemplo, foi finalizar um verso para homenagear São Miguel, mas na hora acabou saindo São Gabriel. Apesar do estranhamento dos miguelinos da plateia, o jeito foi seguir em frente. Parar para corrigir seria pior.

—Igual é santo também— brincou Araújo mais tarde, fora do palco.

Eles concorrerem a prêmios em três modalidades de trova: a campeira, a de Estilo Gildo de Freitas e a de Martelo.

O tradicionalista Valter Portalete, que é um dos jurados, explica a diferença entre as modalidades. Conheça cada uma delas:

A trova campeira tem versos de seis linhas. O declamador canta num tom mais lento, é quase um chote. Tem que haver rima na segunda, quarta e sexta linhas.

Já a de estilo Gildo de Freitas segue o ritmo da composição Definição do Grito, do próprio Gildo de Freitas ('Uma vez num outro estado me pediram a informação/Por que é que no Rio Grande todo gaúcho é gritão'). O estilo surgiu por acaso, quando o cantor Valdomiro Mello interpretava a música, acabou esquecendo a letra e teve que improvisar. Os versos têm nove linhas.

Já a trova de martelo é considerada a mais difícil de todas. Não há intervalo de gaita. Há uma costura de linhas entre os trovadores. Por exemplo, um deles improvisa cinco linhas e o outro faz a sexta.

A pedido de Zero Hora, Peá da Bossoroca, morador de Sapucaia do Sul, e Ildomar Martins, morador de Santa Maria, cantaram em trova campeira diante das Ruínas de São Miguel, patrimônio da Humanidade.

ZERO HORA
Silvana Castro / 

Adão Bernardes (à esquerda) e João Barros improvisam versos sobre o tema "São Coisas que eu Vi"
Foto:  Silvana Castro


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