Começa hoje, ao toque de gaita e de violão, uma nova edição de um dos mais tradicionais e festejados eventos do Rio Grande: o Acampamento Farroupilha de Porto Alegre. A abertura oficial está prevista para as 18h, quando a centelha da Chama Crioula cruzar as ruelas empoeiradas e cheias de história do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, que até o dia 20 de setembro será o reduto da cultura gaúcha na Capital.

Mais que um simples ajuntamento de galpões – este ano são mais de 375 deles –, o acampamento é uma reunião de apaixonados. Gente como o peão-caseiro que traz na certidão de nascimento o nome Assunção Ferraz Patrício, mas que a vida se encarregou de batizar de Patrício Missioneiro. Um gaúcho da cabeça aos pés.

Aos 52 anos, o integrante do Piquete Desgarrados do Partenon é presença cativa no evento há mais de uma década. Desde 2007, ele tem a companhia de um galo de estimação, que alimenta e põe para dormir ao seu lado. A ave de chapéu – sim, é isso mesmo – é o despertador da gauchada e o lembrete de que, mesmo na cidade grande, é possível voltar às origens de uma vida campeira:

– Não abro mão de vir ao acampamento, porque me sinto bem. É uma paixão mesmo, dessas que a gente guarda no fundo do peito.

Hoje, quando um grupo de cavalarianos atravessar o parque carregando a centelha colhida na Pira da Pátria, na Redenção, e chegar ao palco central para a abertura oficial do evento, Patrício estará lá. Perto dele, estarão outros gaúchos, como o patrão do Piquete Lendas do Sul Gilberto Spíndola, 59 anos, um entusiasta das bombachas.

– Não tem lugar no mundo como o Rio Grande. É por isso que faço de tudo para repassar nossa tradição para as crianças e os jovens. Isso não pode se perder – resume Spíndola.

O gaudério já pode ficar tranquilo. Segundo previsões do coordenador de Tradição e Folclore da Secretaria Municipal de Cultura, Vinícius Brum, a cultura gaúcha vai ganhar força. A expectativa é que o número de visitantes do acampamento ultrapasse a marca de 1 milhão de pessoas este ano.