| 04/07/2010 16h10min
Eles secaram o Brasil. Os uruguaios dizem que enfrentar a Seleção é como enfrentar dois de uma só vez: o time e o juiz. Então era melhor encarar na semifinal a Holanda, que é "apenas" a Holanda e nada mais, embora haja Robben e Sneidjer.
É claro que existe rivalidade com a Seleção. Que o diga Rivelino, protagonista daquela confusão lendária no Maracanã em 1976, ao escorregar na escada do túnel fugindo de Ramirez, um lateral negro uruguaio forte como um touro.
Mas nada se compara a bronca dos celestes com os hermanos.
Carlos Costa, Adrian Maydana e Fernando Fontes trabalham no Mercado del Puerto, tradicional centro gastronômico de Montevidéu. A cada gol da Alemanha, aplausos e gritaria por todos os cantos. Ao final, os três posaram felizes para a foto, mostrando com as mãos o placar de 4 a 0:
— Tchau, Maradona. É Messi e mais 10 e está tudo resolvido? Os outros não importam? Onde está Messi agora? — quis saber Adrian, olhando a imagem do semideus argentino desolado na TV.
É uma rixa antiga, que remonta o começo do século passado e foi passando de pai para filho. Quando a nossa rivalidade com os argentinos engatinhava, a deles já era guerra. O primeiro título sul-americano foi vencido pela Celeste em Buenos Aires no distante ano de 1916. E num 9 de julho, dia da independência argentina.
Quando a Celeste enfrenta a Argentina, ou Nacional e Peñarol jogam contra Boca e River, Costa diz que um canto básico ecoa no estádio Centenário, segundo ele versos resultantes da arrogância dos hermanos por terem uma população maior e mais poder econômico:
— Argentina, Argentina, és la m.... de toda a América Latina.
Um exagero, obviamente, mas que dá dimensão da rivalidade entre uruguaios e argentinos. Por isso eles secaram menos o Brasil e mais, muitos mais, a Argentina de Maradona. Pelo Paraguai, até torceram. O fato é que agora, a Celeste, orgulhosamente, é a América do Sul nesta Copa.
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