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 | 29/04/2003 17h10min

Lula cobra fidelidade de radicais na votação das reformas

Presidente diz que dissidentes têm que arcar com decisões da maioria

Em encontro com a bancada petista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta terça, dia 29, fidelidade dos parlamentares de seu partido em relação às propostas de reforma da Previdência. Durante um rápido almoço na casa do presidente da Câmara, João Paulo, Lula disse que reconhece o direito dos deputados de exporem suas opiniões, mas todos precisam arcar com a decisão tomada pela maioria.

- Reconheço o direito dos companheiros de falar as bobagens que quiserem. Mas temos método democrático de tomar decisão, que é pela maioria. Quando a decisão é tomada, todos têm que cumprir.

Lula fez questão de ressaltar que todos os petistas estão no mesmo barco, "no meio do oceano rodeado de tubarões". E reforçou que se o governo fracassar, a esquerda ficará apartada do executivo durante 50 anos.

O presidente não chegou a falar diretamente sobre a expulsão daqueles que votarem contra a proposta, mas deixou claro que isso poderá acontecer. Ele recordou o episódio do colégio eleitoral, em 1984, em que três petistas - deputados José Eudes, Airton Soares e Beth Mendes - não seguiram a orientação do partido e foram expulsos. Lula disse que chorou na ocasião porque era contra a punição aos companheiros. Mas reconheceu que foi assim que o PT foi construído.

O presidente também fez questão de se defender das acusações de que estaria indo contra os principais preceitos do PT e disse ser tão petista quanto qualquer um dos demais presentes no encontro.

Alguns parlamentares petistas que integram o grupo radical saíram descontentes do encontro. A deputada federal Luciana Genro disse que fora o presidente, apenas o anfitrião e o líder do PT na Casa, Nelson Pellegrino (BA), falaram na reunião com os 92 congressistas do Partido dos Trabalhadores.

O deputado Ary Vanazzi classificou o encontro como uma "lástima" que serviu para enquadrar os radicais. Segundo ele, os parlamentares contrários aos projetos tiveram que "engolir" os argumentos do governo e não tiveram oportunidade de se manifestar.

A opinião do ministro da Previdência, entretanto, é diferente. Ricardo Berzoini disse que o encontro foi muito positivo. O ministro admitiu que foi uma conversa muito mais social do que uma debate devido à falta de tempo, no entanto garintiu o processo de debate das reformas tributária e judiciária será longo. 

O presidente da Câmara, João Paulo, também saiu otimista do encontro, no qual, segundo ele, o presidente Lula se mostrou disposto ao diálogo. João Paulo garantiu que o PT vai votar unido a favor da reforma da Previdência. O presidente do PT, José Genoíno, declarou que a maiorida da bancada apóia as propostas que serão encaminhadas pelo governo. De acordo com ele, o encontro desta tarde serviu para acertar algumas arestas.

 
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