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 | 27/04/2003 15h51min

Argentinos votam para presidente em clima de tranqüilidade

Não há favoritos para ganhar a eleição, que deve ser decidida no segundo turno

Os argentinos amanheceram neste domingo, dia 27, com a tarefa de escolher o presidente do país numa das eleições mais disputadas da sua história. Apesar da descrença de parte do eleitorado, os candidatos prometem resgatar a terceira economia da América Latina de uma crise que levou milhões de cidadãos de classe média à pobreza.

Os eleitores apareceram assim que os locais de votação foram abertos, na manhã deste domingo, sob a vigilância de 85 mil policiais e militares espalhados pelo país para garantir a tranqüilidade das eleições mais disputadas de um país cuja democracia já conta 20 anos. Segundo autoridades, o clima é de tranqüilidade.

– Estamos famintos. Queremos empregos dignos e futuro para nossas crianças – afirmou Carmen Perez, que vendia laranjas, 50% mais caras este ano. Ela votou na esquerdista Elisa Carrio, que adora um discursso anticorrupção.

Carrio está entre os cinco mais cotados, junto com o ex-presidente populista Adolfo Rodriguez Saa. Ambos caíram nas pesquisas no último mês, mas ainda têm chances de ir ao segundo turno, uma vez que os cinco principais candidatos estão 10 pontos percentuais distantes uns dos outros.

Como milhões de eleitores, Perez espera que o experiente líder político Menem vença. Sua administração (1989-1999) liderou um dos períodos mais prolongados de crescimento na história argentina, mas foi manchada por escândalos de corrupção.

Menem foi também o primeiro candidato a votar em sua Província natal, La Rioja, a 1.150 km da capital, aos gritos de "Sr. Presidente" de populares.

– Seremos um grande governo e a Argentina vai começar a crescer novamente – afirmou ele a repórteres.

Em contraste, o economista liberal Ricardo Lopez Murphy enfrentou protestos quando foi votar. O candidato foi insultado por eleitores, que também criticavam toda a classe política. A polícia deteve dois manifestantes. A cena foi transmitida ao vivo na televisão.

Elisa Carrió, candidata pelo ARI, votou na província do Chaco e desejou que "a paz esteja com todos os argentinos". Antes de votar, Elisa foi à missa e ao cemitério onde seu pai está enterrado.

Pobreza e a criação de empregos são as maiores bandeiras de campanha neste grande exportador de grãos e carnes de 36 milhões de habitantes.

As pesquisas mostram um empate estatístico entre três candidatos – o ex-presidente Carlos Menem, que busca seu terceiro mandato aos 72 anos, o também peronista e governador de centro-esquerda Nestor Kirchner e o economista Lopez Murphy.

Mas sem um candidato na liderança, as eleições parecem estar se encaminhando para um segundo turno, em 18 de maio, entre os dois candidatos que obtiverem mais votos. O presidente Eduardo Duhalde deve entregar o mandato no dia 25 de maio.

– Eu não quero votar porque isso não significa nada, nada vai mudar – afirmou a estudante Soledad Carvajal, 21, enquanto aguardava na fila da sua seção, em Adrogue, um subúrbio de Buenos Aires. O voto é obrigatório na Argentina.

Quem vencer as eleições terá de trilhar uma linha tênue entre o esforço de recolocar a economia nos trilhos – depois de ela ter sido devastada pela dívida e pela desvalorização da moeda, em janeiro de 2002 – e a tentativa de minimizar a pobreza, que atualmente afeta seis entre 10 argentinos.

A Argentina era um dos países mais ricos do mundo há 70 anos, até que décadas de corrupção e desmandos econômicos se instalaram no país. A economia teve sua pior performance em um século em 2002, com uma retração de 11%. Este ano, a expectativa é de um crescimento de 4%.

O próximo presidente enfrentará a extraordinariamente difícil tarefa de reestruturar uma dívida de US$ 60 bilhões, além de costurar acordos com o Fundo Monetário Internacional.

As informações são da agência Reuters.


 
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