| 28/02/2003 12h22min
Depois de quase uma semana intensa de conflitos urbanos, mortes e violência, o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, foi incisivo ao apontar o Secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, como responsável pela tensão observada na capital fluminense. Em entrevista concedida na manhã desta sexta, dia 28, à Rádio Gaúcha, Maia disparou:
– O Luiz Eduardo Soares é o responsável por essa situação. Foi ele que afrouxou a repressão. Esse rapaz é um desastre.
O secretário Nacional de Segurança Pública declarou que não basta defender a eficiência das polícias, livrá-las das corrupção, torná-las menos brutais e racistas e fazê-las respeitar os direitos humanos se os jovens sem perspecitva e esperança continuam a serem recrutados pelo tráfico e pelo crime. Cesar Maia rebateu as afirmações de Soares e voltou a investir contra o secretário do governo Lula:
– Ele é um sociólogo, um antropólogo. Fala essas besteiras todas, essas bobagens todas, essas coisas muito bonitas. Todo mundo está de acordo com o óbvio. O presidente Lula vai se arrepender. Aonde ele chegar em qualquer Estado do Brasil os bandidos vão fazer a festa: "chegou o senhor Luiz Eduardo Soares, agora a festa é nossa. Nós é que mandamos, a polícia não manda nada". Ele tinha de ser exportado pra dar aula de antropologia em Massachussets ou na Sibéria – ironizou.
Segundo o prefeito, foi preciso que os absurdos registrados durante a última semana no Rio de Janeiro ocorressem para que se fizesse aquilo tido por ele como óbvio: multiplicar o policiamento extensivo, trabalhar de forma integrada com as forças federais, estaduais e cariocas e com isso estabelecer uma situação nova na capital fluminense.
– Eu espero que isso não dure até quarta-feira de cinzas. Não sei se vai estar absolutamente seguro na quinta-feira – revela Maia, ao defender que as ações adotadas de forma rápida pelas esferas de governo se confirmem depois do último dia das comemorações de Carnaval.
Cesar Maia reconhece que o presídio de segurança máxima carioca é seguro, mas não esconde a necessidade de uma reformulação no sistema que vigora na penitenciária:
– O presídio de segurança máxima do Rio de Janeiro é um cofre, ninguém sai. Nem mosca sai. No entanto, é um cofre completamente vazável em matéria de comunicação. Os advogados de um bandido desses tem contato físico com o preso – disse.
Para o prefeito. a transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, já deveria ter sido feita "há muito tempo", Segundo ele, a presença do criminoso era um estímulo ao jovem infrator. Defendendo a criação de uma penitenciária de segurança máxima em áreas livres em Brasília, Maia disse acreditar que o Exército não está habilitado para montar um policiamento, mas destacou a importância das Forças Armadas no amparo e no auxílio das forças policiais.
Cesar Maia classificou o Rio de Janeiro como, hoje, a cidade mais segura do mundo. Não afastou, entretanto, a preocupação com o retorno da violência no primeiro dia após o feriado de Carnaval:
– Não há cidade mais segura no mundo até quarta-feira.
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