| 22/02/2003 12h15min
Durante conversa preliminar com os procuradores da República José Roberto Santoro e Ronaldo Albo, a ex-namorada do senador baiano Antônio Carlos Magalhães Adriana Barreto fez revelações destruidoras contra ACM, acusado de ser o mandante das escutas telefônicas ilegais feitas pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia. A conversa, a que a revista Época teve acesso com exclusividade, começou com Adriana contando que foi namorada do político durante nove anos.
Adriana contou aos procuradores que em sua convivência com o senador teve duas conversas com ele sobre escuta telefônica. A primeira, há cerca de dois anos, ocorreu quando os dois estavam juntos. O senador mostrou à namorada transcrições de grampos de conversas de alguns adversários na política baiana – como uma em que os deputados Jonival Lucas (ex-PPB) e Leur Lomanto (ex-PFL) se referiam ao deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), arqui-rival do senador, como "agatunado". Acompanhadas de grifos feitos
pelo senador, essas transcrições,
relatou Adriana, chegaram a ser publicadas numa revista semanal.
A segunda conversa ocorreu em meados do ano passado, quando a advogada já havia rompido com ACM e se unira a Plácido Faria. Desta vez, ACM foi explícito. Contou que tinha uma relação de políticos grampeados e que decidira incluir Plácido nas escutas.
– Eu vou grampear seu namorado. Vai ser para seu bem – teria dito o senador.
A advogada disse que mais de uma vez ACM telefonou para ler trechos das transcrições para Adriana. Ela contou que o senador mandava tirar fotografias e filmá-la quando saía à rua. Dias depois, ocorreu uma cena inesquecível. Adriana e Plácido tiveram uma conversa acalorada pelo telefone. O advogado tentava convencer a namorada, recém-rompida com o governador, a abandonar seu emprego público. Adriana se negava. Disse que já era grande e sabia como conduzir sua vida. Os dois discutiram. Para surpresa de Adriana, depois dessa discussão ela recebeu um telefonema do senador.
– Você reagiu muito bem – disse-lhe ACM, como ela mesma relata.
A advogada revelou ainda que Antonio Carlos Magalhães continuava ligando com freqüência quando ela já morava com Plácido.
– Dessa vez ele disse: 'Eu fiz o grampo'' – contou Adriana Barreto aos procuradores.
Com informações da Rádio Gaúcha e da Globo News.
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