| 20/01/2003 22h45min
Auxiliada pela mediação da diplomacia brasileira, a Líbia foi eleita nesta segunda, dia 20, para ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) durante o ano de 2003. A decisão foi duramente criticada por ativistas, por Israel e pelos Estados Unidos, que acusam o governo líbio de financiar terroristas e de praticar violações aos direitos humanos.
Dos 53 países que tiveram direito de voto, apenas três se opuseram à escolha da embaixadora da Líbia, Najat Al-Hajjadi, para chefiar a Comissão. Um deles foi os Estados Unidos, que pediu que o voto fosse feito de maneira secreta. Nos 46 anos de história da Comissão, a escolha foi sempre feita por unanimidade e a exigência da Casa Branca ameaçou causar uma crise na ONU.
Diante do pedido dos Estados Unidos de que o voto fosse secreto, os países árabes e africanos haviam decidido repetir o mesmo para a eleição da Austrália para a vice-presidência, que no caso estava sendo apoiada pelos Estados Unidos. Além disso, árabes e africanos prometiam fazer pronunciamentos duros contra a Casa Branca durante a sessão.
O impasse, que poderia ter gerado uma grave ruptura na ONU, acabou sendo solucionado pelo diplomata brasileiro Frederico Meyer, que estava atuando como relator da Comissão de Direitos Humanos. Meyer propôs que, ao ser eleita, a Líbia apoiasse a nomeação da Austrália para a vice-presidência, num gesto de conciliação com os países ocidentais.
De fato, isso acabou ocorrendo. A Líbia conseguiu, no total, 33 votos, entre eles o do Brasil. Dezessete países se abstiveram. Para a Líbia, a vitória deu "voz aos povos oprimidos".
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