| 16/01/2003 14h13min
Representantes da bancada do PMDB no Senado decidiram nesta quinta-feira adiar a escolha do candidato do partido à presidência da Casa para o final de janeiro. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, disse que a decisão atende a apelos de parlamentares peemedebistas, lideranças de outros partidos e ministros do governo, como o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
– A relação tem que ser institucional, não queremos confrontos – disse Calheiros, referindo-se à disputa dentro da bancada entre ele, apoiado pela cúpula do PMDB, e o senador José Sarney (AP), que tem o apoio cada vez mais ostensivo do governo.
A iniciativa de adiamento, segundo Calheiros, partiu dele mesmo no início da reunião. A bancada se reunirá no dia 31 de janeiro, às 14h, para definir o candidato do partido. Estavam presentes 12 dos 20 senadores do PMDB. Ao chegarem ao local, quatro deles já propunham o adiamento da decisão. Sarney não compareceu.
A escolha do candidato do PMDB estava inicialmente prevista para o final do mês. Na última terça-feira, porém, Calheiros, que era apontado como favorito na bancada, decidiu antecipar a escolha, em um movimento visto nos círculos políticos como uma manobra para interromper o fortalecimento da candidatura de Sarney, que vinha ganhando espaço com o até então apoio velado do Palácio do Planalto.
Nesta quarta-feira, dia 15, no entanto, o governo, por meio principalmente de Dirceu, foi mais ostensivo ao pressionar vários senadores a pedirem o adiamento da escolha. Para o Planalto, seria mais interessante ver Sarney, que apoiou a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o primeiro turno, à frente do Congresso. O problema é que após as eleições, o PT e o PMDB acertaram um pré-acordo pelo qual apoiariam os candidatos dos dois partidos às presidências da Câmara e do Senado, respectivamente, por terem as maiores bancadas na Casa, respeitando a tradição do Congresso. Mas agora em janeiro, embora o PMDB tenha mantido o apoio à escolha petista, cujo candidato é o deputado João Paulo Cunha (SP), o PT não garantiu apoio ao escolhido pela bancada peemedebista do Senado. Para evitar o constrangimento de apoiar uma eventual candidatura avulsa de Sarney, em detrimento de uma outra escolha da bancada do PMDB, como Calheiros, o governo está jogando agora para garantir que o ex-presidente seja o candidato escolhido pelos peemedebistas.
Com informações da agência Reuters.
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