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Em entrevista exclusiva concedida para os veículos da RBS na biblioteca do Palácio do Alvorada, Fernando Henrique Cardoso apontou dificuldades que Lula terá no exercício do cargo e mandou um recado ao PT:
– Não convém inventar a roda. Melhor é continuar a pedalar.
O atual presidente considera natural que no gozo da vitória Lula tenha demonstrações de afetividade. Mas acredita que ele não deve fazer um apelo às massas para governar num sentido autoritário, fascistóide e populista. Para ele, os grandes desafios do governo Lula devem ser a reforma da Previdência, manter o equilíbrio financeiro e a segurança pública. Ele acredita que o novo governo terá dificuldades em aprovar reformas no Congresso, porque envolvem muitos interesses contraditórios.
– Eles sempre (o PT) foram contra a reforma da Previdência, mas se tentarem, terão meu apoio – disse.
Entre as injustiças que sofreu, FH referiu-se ao Dossiê Cayman (coleção de documentos forjados que pretendia denunciar a existência de contas secretas no Exterior em seu nome e de outros tucanos) como a pior de todas. Lembrou também com mágoa a invasão da Fazenda Córrego da Ponte, em Buritis (MG), promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em março deste ano e voltou a rebater a crítica de que sua gestão fez pouco pela reforma agrária:
– Até eu chegar à Presidência, o Brasil havia assentado 250 mil famílias. Nós fizemos mais do que o dobro em oito anos.
Fernando Henrique declarou que a herança que fica de seu governo é a da estabilidade e que o próximo presidente deve ser competente e corajoso para conter a inflação e aumentar juros, se for preciso.
No trecho final da entrevista concedida aos veículos da RBS, o presidente revelou o tipo de imagem que gostaria de deixar na memória dos brasileiros: a de uma pessoa com valores democráticos, "que tenta resolver os problemas que a sociedade apresenta como principais".
Sobre os planos para o futuro, FH confirmou que pretende criar uma pequena fundação dedicada à análise dos grandes temas internacionais. E não escondeu a vontade de continuar cumprindo um papel político ativo no país:
– Eu acho que nós temos de valorizar mais a instituição do ex-presidente.
ANA AMÉLIA LEMOS, ARMINDO ANTÔNIO RANZOLIN E KLÉCIO SANTOS© 2009 clicRBS.com.br ? Todos os direitos reservados.