Os principais integrantes do comando do PT admitiram nessa terça, dia 19, a permanência de Armínio Fraga na presidência do Banco Central (BC) por seis meses, até que o futuro governo complete a transição na área econômica. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que, durante a campanha, descartou essa hipótese, já teria se convencido, mas só anunciaria a permanência de Armínio com o aval do ministro da Fazenda, ainda não escolhido.

O coordenador da transição, Antônio Palocci, é cotado para suceder Pedro Malan na Fazenda. O presidente do Banco Central, que embarca hoje para uma reunião em Nova Delhi, na Índia, não tem comentado o assunto nem com os amigos mais próximos. Mas fontes do mercado financeiro começam a apostar que, convidado, aceitaria ficar, desde que fique claro que sua participação é pela continuidade do processo de transição. Palocci continua cotado também para o Planejamento.

Fontes do atual governo em contato com a equipe de transição, porém, informam que crescem os sinais de que o destino de Palocci pende para a Fazenda. Imagem de privatista e próximo dos empresários favorece Palocci Palocci, que deve renunciar até sexta-feira ao cargo de prefeito de Ribeirão Preto para se integrar definitivamente à equipe de Lula, foi inicialmente cotado para o Planejamento, que, nos planos originais do PT, deveria ganhar status de superministério.

Petistas ponderam que o fortalecimento do Planejamento poderia expor o ministério, responsável pelo Orçamento, a fortes demandas políticas por aumentos de gastos e pressões econômicas por incentivos. O principal fator que aproxima Palocci da Fazenda é seu crescente prestígio junto ao mercado financeiro.

Inicialmente, imaginava-se que a solução para Lula seria colocar no Planejamento um petista e deixar a Fazenda para algum nome de fora do partido, com formação em economia e bom trânsito no mercado. Ultimamente, contudo, Palocci tem conquistado elogios. As declarações favoráveis vão desde o seu histórico de prefeito privatista e com bom trânsito entre os empresários ao tom cuidadoso ao comentar assuntos delicados, como o Comitê de Política Monetária (Copom) e a inflação.