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FMI quer ambiente favorável para negociações com novo governo

Missão do Fundo está no país para renovar acordo de empréstimo de US$ 30 bi

A missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) terá nesta semana o primeiro encontro com a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora informal, a conversa, que deve ocorrer nesta terça, dia 19, marca o início do relacionamento do novo governo com o FMI. A preocupação dos técnicos do Fundo é criar ambiente favorável para as negociações de fevereiro, na segunda revisão do acordo, com o novo presidente já empossado.

Essa primeira conversa terá um caráter mais de apresentação. Mesmo assim, o diretor-assistente do Departamente do Hemisfério Ocidental do Fundo, Lorenzo Perez, manifestou no fim de semana o desejo de que a missão entre "com o pé direito" no encontro. Por isso, o Fundo está sendo cauteloso nas declarações sobre a situação econômica do país e as perspectivas futuras. Segundo assessores do Ministério da Fazenda, a reunião do chefe da missão, Jorge Marquez-Ruarte, com o coordenador da equipe de transição, Antônio Palocci, deverá ocorrer no início da tarde de terça. As discussões vão se concentrar no programa econômico do PT.

Perez e Ruarte estão atentos às notícias sobre a equipe de transição. As reuniões de trabalho internas, realizadas em hotel durante o fim de semana prolongado, não impediram que eles acompanhassem de perto o noticiário. Todos os dias, logo cedo, o chefe da missão e Perez pediam os jornais. Neste domingo, após o café da manhã, Ruarte leu entrevista concedida por Palocci a um jornal, na qual o petista fala da disposição do governo Lula de manter a austeridade fiscal.

Nesta segunda, a missão terá, ao fim da tarde, nova reunião com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o diretor do Banco Mundial Amaury Bier, ex-secretário-executivo e negociador chefe do acordo que garantiu ao Brasil o empréstimo de US$ 30 bilhões, US$ 6 bilhões no governo atual e US$ 24 bilhões a partir do próximo ano. Pela manhã, os técnicos falarão com o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, sobre receitas da União, legislação de combate à sonegação e reforma tributária. No início da tarde, a equipe do FMI vai ao Banco do Brasil conversar sobre a instituição com o presidente Eduardo Guimarães. Nesta tarde, o dia está praticamente tomado por reuniões no Banco Central sobre política monetária e cambial, com o presidente do banco, Armínio Fraga e os diretores. No último dia de trabalho da missão no Brasil, os técnicos voltam a se reunir com Malan e Fraga. Depois de mais de uma semana de silêncio quase absoluto, o chefe da missão prometeu uma coletiva ao final dos trabalhos.

 
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