| 29/10/2002 19h29min
Os Estados Unidos reiteraram seu desejo de trabalhar junto com o presidente eleito do Brasil e descartaram a possibilidade de que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se converta em outro Fidel Castro ou Hugo Chávez, disse nesta terça, dia 29, um alto funcionário de Departamento de Estado do país.
– Consideramos o Brasil um sócio regional, o consultamos nos desafios regionais e continuaremos a fazê-lo – disse James Carragher, diretor de assuntos brasileiros e do Cone Sul no Departamento de Estado.
Ele reconheceu, entretanto, que podem surgir diferenças entre seu governo e a nova administração de Lula.
Carragher afirmou que os Estados Unidos devem trabalhar de forma um "pouco mais dura'' com o novo governo brasileiro para ganhar seu apoio em alguns temas que seu país submeterá aos foros internacionais, sem especificar quais. E também desprezou qualquer sugestão de que Lula acabe sendo um Fidel Castro ou um Hugo Chávez, em alusão aos presidentes de Cuba e da Venezuela, respectivamente, que se opõem aos interesses norte-americanos.
– Lula não é (Fidel) Castro nem (Hugo) Chávez, e não posso ser mais categórico na forma que formulo isso. Lula é um democrata, essa é uma frase que nunca poderá ser usada para (Fidel) Castro – disse.
Apesar de realçar a importância do Brasil nos planos de governo dos Estados Unidos, ele não confirmou a possibilidade de que o secretário de Estado Colin Powell viaje ao Brasil para encontrar-se com funcionários do novo presidente eleito.
As declarações de Carragher somam-se a várias vozes da administração que tem convidado o novo governo eleito a formar uma aliança com os Estados Unidos. O presidente George W. Bush telefonou a Lula para felicitá-lo e para convidá-lo para trabalharem juntos no sentido de impulsionar a democracia, o bom governo e o livre comércio no hemisfério. Os Estados Unidos querem formar uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e precisa chegar a um acordo com o Brasil, a maior economia na América do Sul, para consegui-lo.
O secretário do Tesouro, Paul O'Neill, disse estar contente com o fim da incerteza que rodeava a eleição no Brasil, que levou a fortes altas das taxas de juros e a uma desvalorização do real. Ele disse também que acredita que "tudo irá terminar bem".
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