Depois de avançar a R$ 3,82, em uma alta de 7% às 15h49min, o dólar manteve os sinais de descontrole e bateu novo recorde na história do real. A moeda norte-americana encerrou a terça cotada a R$ 3,77 na compra e a R$ 3,78 na venda, mais caro em 5,73% do que no fechamento dessa segunda-feira.

Agora, a moeda brasileira tomba, inclusive, ante ao peso argentino, desvalorizado em 70% em 2002, depois de o país ter decretado moratória em dezembro de 2001. Na Argentina, a divisa dos Estados Unidos corresponde a 3,69 unidades da moeda local:

– Não tem nada a ver, a não ser uma coincidência numérica – disse à agência de notícias Reuters o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.

Operadores do mercado financeiro afirmaram que alguns poucos bancos insistem em comprar pequenos lotes que inflamam as cotações. Outros atribuem as compras à necessidade de pagamento de dívidas externas, mas a maioria garante que é mesmo a especulação que "puxa" o dólar.
 
O dólar se vê catapultado pelo cenário eleitoral, com intensos rumores sobre a sucessão presidencial. Os investidores aguardam com ansiedade a pesquisa Ibope a ser divulgada na noite desta terça-feira.
 
O candidato à Presidência da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou não acreditar que o crescimento da candidatura petista possa afetar o mercado financeiro. Lula conta com o respaldo do vice-presidente de assuntos corporativos do grupo Santander-Banespa – uma das instituições que mais negocia dólares no Brasil –, Miguel Jorge:

– A maior influência não é essa. É a crise mundial, a ameaça de guerra, o aumento do preço do petróleo, a queda das bolsas nos mercados internacionais e a fuga de investimentos do Brasil (neste caso) não só por causa das eleições, mas por causa da situação do país e do mundo – afirmou.

O novo recorde da cotação da moeda norte-americana impõe ao real uma desvalorização mensal de 20,37%. No ano, esse índice alcança os 38,73%. O dólar avança valorizado 25,58% nos últimos 30 dias e 63,21% em 2002.

Com informações da Globo News.