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A possível vinculação dos assassinos do prefeito de Santo André Celso Daniel com pessoas que comandavam uma rede de corrupção na prefeitura do município pode provocar uma reviravolta nas investigações do assassinato. O ladrão de bancos e seqüestrador Dionísio de Aquino Severo, que foi morto, admitiu ao delegado Romeu Tuma Júnior ter participado da operação de captura do prefeito petista.
Dionísio é ligado ao empresário Sérgio Gomes da Silva – conhecido como Sombra – que estava junto com Celso Daniel quando ele foi seqüestrado. Dionísio afirmou ainda – em depoimento firmado diante de sua advogada Maura Marques – que tinha o que falar sobre o seqüestro de Daniel, mas só o faria em juízo para resguardar sua vida. Mas não teve tempo.
No dia 10 de abril, menos de uma semana depois de ter sido preso em Maceió, foi morto a facadas por um grupo de encapuzados no Centro de Detenção Provisória de Belém na zona leste de São Paulo. O delegado Tuma Júnior, afastado das investigações sobre a morte do prefeito a pedido do PT, confirmou de forma indireta ter ouvido relato de Dionísio sobre sua participação no seqüestro de Celso Daniel:
– Não posso negar que ele tenha dito isso, até porque outras pessoas foram testemunhas da conversa, mas não falo a respeito do inquérito sobre a morte de Celso Daniel porque ele está sob segredo de Justiça.
No depoimento que prestou à polícia, Dionísio afirmou ainda ter relações com o empresário Sérgio Gomes da Silva desde 1989, já tendo inclusive namorado a ex-mulher de Gomes de nome Adriana. Gomes é suspeito de ser peça importante no suposto esquema de corrupção na prefeitura de Santo André e recentemente teve seu sigilo bancário quebrado por ordem judicial.
Em seu depoimento, Dionísio disse ainda ter freqüentado festas na casa de empresários de ônibus de Santo André que têm ligações com Sérgio e seu grupo. Ouvida sobre a mesma questão – a suposta participação de Dionísio no seqüestro de Daniel – a advogada do criminoso explicou que, por uma questão de ética profissional, não poderia dar detalhes da conversa com o antigo cliente:
– Mas ratifico na íntegra as palavras do doutor Tuma.
A se confirmar a hipótese, ela jogaria por terra a conclusão do inquérito policial, segundo a qual Celso Daniel foi escolhido aleatoriamente como vítima de um seqüestro tendo sido morto depois por equívoco de um integrante da quadrilha, menor de idade, que compreendeu mal uma ordem para libertá-lo.
A eventual participação de Dionísio no seqüestro deixaria, ainda, Sérgio no centro das suspeitas. Além das relações com Sérgio e do namoro com a ex-mulher do empresário, no primeiro mandato de Daniel na prefeitura (1992-1996), Dionísio foi segurança do prefeito, cuja equipe foi selecionada e comandada por Gomes. Com a saída de Daniel da prefeitura, Dionísio se transferiu para Santos, mesma cidade para onde também se transferiu o ex-secretário de Assuntos Municipais de Santo André Klinger de Oliveira, o braço direito de Gomes, também sob investigação do Ministério Público.
No dia 17 de janeiro deste ano, um dia antes do seqüestro de Daniel, Dionísio foi resgatado de forma cinematográfica da Penitenciária de Guarulhos em um helicóptero. A dois cúmplices e ao filho de 17 anos, Dionísio teria confidenciado que a fuga fora organizada para que ele participasse de uma “grande operação”. Essa informação foi confirmada por um membro da equipe de Tuma Júnior.
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