Nenhum empréstimo recebido de Paulo César Farias aparece nas declarações de renda que o deputado José Carlos Martinez (PTB-PR) apresentou à Justiça Eleitoral do Paraná. No início dos anos 90, o presidente do PTB teria tomado um empréstimo de US$ 1,6 milhão do caixa de campanha do ex-presidente Fernando Collor.

No começo desta semana, Martinez tinha dito que declarara o empréstimo ao Imposto de Renda. No registro de candidatura que apresentou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) paranaense em 1998, quando se candidatou a deputado federal, está anexado o IR de pessoa física do petebista. Na declaração de renda, como mostrou reportagem do Jornal Nacional na sexta-feira, dia 26 de julho, constam os bens e as dívidas do deputado, relativos aos anos de 1996 e 1997, quando ele já havia recebido o empréstimo de PC. Ele diz que ainda está pagando a dívida à família de PC, assassinado em 1996.

Nas declarações de 1996 e 1997, entregues ao TRE, Martinez declara duas dívidas: uma com uma construtora e outra com seu pai, Oscar Martinez. Em 1996, o valor dessas dívidas era de R$ 7.467.023,00. Em 1997, as mesmas dívidas foram declaradas, mas com um valor pouco menor: R$ 7.456.430. No documento, não foi feita nenhuma menção ao empréstimo de PC.

Na terça-feira, dia 23 de julho, em São Paulo, Martinez tinha dito que a dívida e seu pagamento haviam sido declarados ao IR. O deputado não especificou, entretanto, se o empréstimo foi registrado em nome de alguma de suas empresas.

Coordenador da campanha de Ciro Gomes, Martinez se recusou a comentar o assunto na sexta-feira, durante caminhada com o candidato da Frente Trabalhista pelas ruas de Curitiba. Ciro tentou se esquivar de perguntas, mas acabou falando.

– Quem manda na minha campanha sou eu. Compreendo que houve essa questão, na esfera privada, há 10 anos, mas Martinez é um homem íntegro e nunca se levantou nada contra ele. Em um governo meu, não permitirei que calúnias sem prova enfraqueçam minha estrutura de apoio – declarou.

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