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O Conselho Monetário Nacional define nesta quinta-feira, dia 27, a meta de inflação para 2004 e anuncia também mudanças em relação à meta de 2003, estabelecida em 3,25% no ano passado, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. A equipe econômica estudava aumentar a meta de 2003 e ampliar a margem de tolerância devido à mudança no cenário econômico desde junho de 2001, quando a meta de 2003 foi definida, e suas consequências sobre os preços.
O aumento da meta de 2003, o que deve acontecer hoje, vai dar mais espaço para o Banco Central reduzir as taxas de juros nos próximos meses. Isso pode facilitar a retomada do crescimento econômico. A proposta de mudança da meta foi enviada ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Para que o CMN possa alterar a meta, FH deve dar sua autorização, o que deve ocorrer por meio de um decreto presidencial a ser publicado hoje no “Diário Oficial” da União.
A mudança na meta de inflação de 2003 pode também dar mais espaço ao Banco Central para cortar os juros básicos da economia (em 18,5% ao ano). Se elevar a meta de 2003, o governo deverá fixar uma meta menor para 2004. Apesar de definidas no governo FH, as metas de inflação de 2003 e 2004 poderão ser alteradas pelo governo que assume em janeiro do próximo ano. Ontem, foi divulgada ata da reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) realizada na semana passada, na qual os juros básicos da economia foram mantidos em 18,5%.
Segundo as projeções da ata, a recente alta do dólar deve provocar aumentos nos preços dos combustíveis e nas tarifas de energia elétrica nos próximos meses. Conforme o Banco Central, esses reajustes farão com que a inflação deste ano fique próxima dos 5,5% previstos pelo teto da meta fixada pelo governo. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou em relação a reunião anterior, quando o Copom previa inflação de 5% para 2002. De acordo com o documento, o receio de que a alta do dólar provoque um aumento da inflação impediu um corte nos juros. Para o BC, ainda há dúvidas quanto ao “caráter temporário da variação cambial e à magnitude do seu repasse aos preços”.
Em sua reunião de abril, o Copom estimava que o preço da gasolina iria sofrer uma redução de 6,6% ao longo de todo o ano de 2002. A projeção foi feita com base na queda dos preços ocorrida em janeiro e fevereiro. Desde então, o dólar acumulou alta de 9%. Por isso, o BC reviu para 4,5% a projeção para a queda no preço da gasolina. Essa revisão embute um reajuste de cerca de 2% que, nas contas do BC, deve ocorrer até o final do ano. O BC elevou de 18% para 19,4% o aumento esperado para as tarifas de energia elétrica.
Para o gás de cozinha, o reajuste previsto passou de 26,5% para 28% – aumento de 21,5% já ocorreu até agora. O BC diz que há sinais que “indicam confiança numa trajetória declinante da inflação”. Mesmo assim, decidiu não reduzir os juros por temer que as turbulências observadas no mercado financeiro prejudiquem o cumprimento das metas do governo. Na reunião da semana passada, o Copom manteve os juros e adotou um instrumento chamado viés de baixa. O mecanismo permite que o presidente do BC reduza os juros antes da próxima reunião do Copom, em julho.
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