| 25/06/2002 11h30min
O presidente do Sindicato das Indústrias do Fumo de Santa Cruz do Sul (Sindifumo), Cláudio Henn, informa que as empresas exportadoras de tabaco, ao contrário do que se supõe, saem perdendo com a valorização da moeda americana.
– No início de cada safra, nossas empresas financiam a venda do produto e recebem antecipadamente para poder pagar os produtores. Ao final da safra, elas têm de devolver esse empréstimo em dólar. Como o valor da moeda está cada vez mais alto, ficamos no prejuízo – explica.
Henn observa que as indústrias compram fertilizantes importados para serem utilizados nas lavouras, o que acarreta em gastos excessivos com a alta do dólar. O diretor de exportação da Universal Leaf Tabacos Ltda, Daniel Lorber, também mostra-se descontente com a disparada.
– A alta do dólar não é nada positiva para nós, porque reduz nossos ganhos – afirma.
Apesar da insatisfação geral, o presidente do Sindifumo acredita que o governo deve atuar com mais rigor a fim de conter a especulação financeira e, conseqüentemente, a alta da moeda americana.
– A expectativa é de que o quadro volte à normalidade – diz Henn.
Os produtores de frango, no entanto, se mostram satisfeitos com a alta do dólar. De janeiro a maio, o Rio Grande do Sul exportou 31,4% a mais de frango na comparação com igual período do ano passado. Conforme a AssociaçãoGaúcha de Avicultura, foram 158 mil toneladas nos primeiros cinco meses. Segundo Renato Kreimeier, vice-presidente da Cooperativa Languiru Ltda, com o pagamento em dólar nas exportações, a empresa consegue compensar os custos da produção. A cooperativa abate 65 mil aves por dia, das quais 12 mil são destinadas a países do Oriente Médio.
– Os preços dos insumos, como milho e farelo de soja, que estão em alta no mercado brasileiro, foram compensados com a alta do dólar – afirma Kreimeier.
O diretor de exportação da Companhia Minuano de Alimentos, Darlei Forest, também considera que a desvalorização do real, sob o ponto de vista da exportação, beneficiou quem comercializa frango no Exterior. Apesar disso, Forest salienta que, na prática, isso não significa um resultado melhor para as empresas:
– O preço do frango no mercado mundial está cada vez mais desvalorizado. A oferta em abundância fez cair os preços na venda. Além disso, os insumos estão com os preços lá em cima. Do ponto de vista do resultado, a alta da moeda norte-americana faz reduzir este prejuízo.
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