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A América Latina pode se unir na busca de ajuda da comunidade internacional para evitar que o contágio da crise argentina derrube as economias da região. A iniciativa, idealizada pelo governo argentino, visa mostrar aos Estados Unidos e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que a crise no país vizinho não pode ser "encapsulada" e que as empresas européias e norte-americanas instaladas no continente "perderiam fortunas" com uma recessão generalizada. O primeiro contato nesse sentido teria sido feito pelo presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, com um telefonema para Fernando Henrique Cardoso no final de semana. A assessoria do governo brasileiro não confirmou a informação.
Os argentinos também esperam contar com o apoio do México até 5 de julho, quando acaba a reunião de cúpula dos países do Mercosul, em Buenos Aires. A Argentina defende que o presidente mexicano, Vicente Fox, deveria ser o responsável por mostrar aos EUA o perigo que corre a região. Sinais de que a crise já pode ter se espalhado por toda a América Latina foram sentidos na semana passada. O Uruguai foi obrigado a liberar o câmbio na quarta-feira, sufocado pela queda nas reservas internacionais e a fuga de capitais. Até o México, considerado há pouco um porto seguro na América Latina, sente os efeitos do contágio da crise. O ministro das Finanças do México, Francisco Gil, culpou as turbulências no Brasil pela desvalorização do peso e a alta do risco-país registradas nos últimos dias. Na sexta, o peso mexicano atingiu seu menor valor diante do dólar em 17 meses. No Brasil, o dólar disparou 2,16% na sexta-feira e atingiu seu maior valor no Real, vendido a R$ 2,84. O risco-país acelerou sua escalada nos últimos dias e fechou na sexta-feira no maior nível desde janeiro de 1999 – 1.706 pontos. No Chile, o dólar subiu 1,5% na sexta. Assustado com a crise, o Paraguai já negocia uma blindagem financeira de US$ 220 milhões.
Mesmo assim, o secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, parece contrário a aumentar a ajuda ao Brasil, porque, para ele, a crise no país é política. O'Neill também indicou que o FMI não deve aumentar a ajuda aos outros países porque seria difícil explicar ao contribuinte dos EUA que os impostos pagos estão sendo enviados aos países pobres. Para tentar sensibilizar os EUA, os governos do Mercosul também vão pintar um quadro incendiário para a região durante a visita do subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos do governo Bush, Otto Reich, que passará por diversos países latino-americanos no começo de julho.
O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, viaja para Washington nesta terça. Segundo ele, o FMI deve entender que o país só terá condições de elaborar um plano sustentável após fechar um pré-acordo que possibilitasse, ao menos, o adiamento de pagamentos das dívidas que vencem nos próximos meses com os organismos internacionais. Mas Lavagna assegurou neste domingo que a Argentina não transmitiu a sua crise aos seus vizinhos. Ele ainda descartou que os atuais problemas do Brasil venham a agravar a situação argentina.
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