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O desempenho da indústria reverteu a tendência de alta e deve passar por um período de desaceleração, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em março, as vendas reais (descontada a inflação) da indústria brasileira caíram 5,45%, na comparação com igual mês do ano anterior. O desempenho do setor em março também foi pior que o registrado no mês anterior, desconsiderando-se os fatores sazonais, com queda de 3,76%.
Segundo cálculos da coordenadora-adjunta da unidade de política econômica da CNI, Simone Saisse Lopes, os resultados de março anularam o crescimento dos dois primeiros meses do ano, de 2,55% em janeiro e 0,33% em fevereiro. Na comparação com o final de 2001, as vendas da indústria caíram 0,99% no trimestre.
– Podemos concluir que o crescimento no início do ano ocorreu, principalmente, pela reposição de estoques do varejo, que esperava um movimento menor no Natal e ficou sem estoques – disse.
Para a economista, a tendência para este trimestre é de baixa na atividade industrial.
– O quadro econômico está se deteriorando. Em abril, o Banco Central interrompeu a queda dos juros, o dólar e o risco político subiram e as eleições causam incerteza – avaliou.
Ainda assim, a CNI mantém a previsão de crescimento industrial entre 1,5% e 2% para 2002, esperando aumento nas vendas no segundo semestre.
– A economia está volátil e é difícil prever a longo prazo – disse Simone.
Nenhum dos indicadores atingiu em março o nível verificado em igual mês de 2001. O pessoal empregado diminuiu 0,93%, e as horas trabalhadas, 3,34%. Os salários caíram em média 0,98%. Na comparação com igual período de 2001, os dados do primeiro trimestre mostram queda de 1,35% nas vendas reais. Também foram registradas quedas no índice de pessoal empregado (1,05%), nas horas trabalhadas (1,14%) e nos salários pagos (0,95%).
A inversão no segundo semestre é esperada porque nos seis primeiros meses de 2001 a economia estava mais aquecida do que no segundo semestre, quando os juros subiram e cenário externo piorou.
– No início de 2001, a atividade era mais intensa. A desaceleração começou com o racionamento e a alta dos juros – disse a economista.
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