| 25/04/2002 09h42min
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mandou, pessoalmente, blindados e soldados às ruas para proteger o Palácio presidencial de Miraflores durante os protestos organizados contra seu governo no dia 11 de abril, de acordo com gravações de uma conversa por rádio divulgadas nessa quarta, dia 24. Na repressão aos protestos, 15 pessoas morreram.
Nas fitas, Chávez usa o codinome “Tubarão 1” e dá ordens militares. As emissoras privadas de rádio e TV afirmam que as gravações foram feitas por radioamadores que moram perto do palácio. Opositores de Chávez, que foi derrubado por uma golpe militar logo após os protestos e ficou 48 horas longe do poder, afirmam que as fitas provam que o presidente venezuelano estava disposto a usar força militar contra civis desarmados.
O chefe das forças armadas venezuelanas, general Lucas Rincon, rebateu as acusações, afirmando que o deslocamento pretendia apenas garantir a ordem pública, e não reprimir os manifestantes. Chávez já determinou abertura de inquérito para investigar as mais de 40 mortes ocorridas durante os protestos de rua que acompanharam sua deposição e sua recondução ao poder (o número inclui os 15 mortos no dia 11). Autoridades militares envolvidas no golpe dizem que removeram Chávez porque não poderiam aceitar as ordens de uso das forças armadas contra civis desarmados.
Chávez não negou ter dado a ordem de envio de tanques e tropas, mas recusa qualquer responsabilidade pelas mortes. Em uma das fitas divulgadas ontem, um oficial não identificado refere-se a Chávez claramente como “senhor presidente”. Em outra, o presidente diz:
– Aqui é Chávez falando. Veja, estou ordenando a aplicação do Plano Avila, e o primeiro movimento que faremos é colocar o Batalhão Ayala (de blindados leves) em posição... mande-o para o palácio para tomar posição – disse Chávez.
Em outra gravação, o presidente pede relatórios sobre a situação ao redor do Palácio Miraflores. Em outro ponto, ele é informado que o general dissidente Lugo Peña apareceu em uma rádio local e pediu uma rebelião.
– OK, descubra onde ele está – diz Chávez.
– OK, entendido, senhor presidente – responde o oficial.
Freddy Bernal, prefeito do distrito de Libertador, defendeu o presidente.
– Ele tem o poder de usar força militar para dissuasão – disse.
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