| 13/04/2002 15h34min
Roseana Sarney (PFL) anunciou oficialmente a renúncia à candidatura à Presidência da República na tarde deste sábado, 13 de abril. A ex-governadora do Maranhão convocou uma entrevista coletiva às 15h e leu uma nota à imprensa no jardim de sua casa em São Luís. Afirmou aos jornalistas presentes que não faria comentários sobre a decisão.
Segundo Roseana, ela sofreria perseguição política e do Ministério Público. Acusou autoridades do governo de cumplicidade no caso Lunus. Em 1º de março, a Polícia Federal (PF) realizou uma vistoria na sede da empresa, de propriedade de Roseana e de seu marido, Jorge Murad. Na nota, a ex-governadora explica que a perseguição se deveu ao crescimento de seu nome nas pesquisas de opinião sobre os candidatos ao Palácio do Planalto. Ela garantiu que sua decisão foi pessoal e agradeceu ao apoio do partido e dos brasileiros. No documento, Roseana não deixou claro se iria concorrer a uma vaga na Câmara ou no Senado Federal.
As notícias sobre o caso Lunus provocaram descontentamento em alguns dos principais caciques do PFL, que já pressionavam pela renúncia de Roseana à candidatura ao Planalto. A Lunus é suspeita de participar de esquema de fraudes na antiga Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Na empresa, a PF apreendeu R$ 1,34 milhão de origem desconhecida. Depois de uma série de explicações sucessivas e contraditórias entre si, a ex-governadora e Murad afirmaram que o dinheiro fora doado para a campanha eleitoral. Na terça-feira, os advogados do casal divulgaram uma lista de nove supostos doadores. O próprio Murad, seu irmão Emílio Murad e Fernando Sarney, irmão de Roseana, figuravam como contribuintes. Mas o maior doador, João Claudino Fernandes (que teria entregue R$ 300 mil) disse que o dinheiro não era destinado à campanha e colocou por terra a versão das doações.
Na sexta-feira, o cientista político Antônio Lavareda mostrou à ex-governadora pesquisas que apontavam uma queda em seu desempenho de 26% para 13%. A perda de votos era mais acentuada na classe média, segmento apontado como formador de opinião. Ainda na sexta-feira, Roseana havia anunciado que estava “em férias” e que só voltaria a falar sobre a candidatura na segunda-feira.
Mesmo os dirigentes do PFL mais comprometidos com a candidatura de Roseana, como o presidente licenciado do partido, Jorge Bornhausen, o prefeito do Rio, Cesar Maia, e o ex-ministro da Previdência, Roberto Brant, se mostravam exasperados com o estado de espírito de Roseana, que vinha alternando estados de ira e depressão. Depois da batida na Lunus, a ex-governadora adotou o hábito de andar com um bloquinho no qual anotava os apoios que recebia e perdia. Na quinta-feira, riscou mais um nome da primeira lista: o do líder na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE). O líder pefelista foi um dos primeiros a dizer na TV que a queda da candidatura de Roseana nas pesquisas obrigava o partido a buscar outra saída.
Logo depois da apreensão na Lunus, Roseana tinha medo de falar ao telefone. Temia que suas conversas estivessem sendo gravadas. Corria à janela em busca de carros suspeitos. Em todas as aparições públicas, ia às lágrimas. Nas últimas semanas, as crises de choro rarearam. Murad, porém, não conseguiu superar a depressão. O atual gerente de Ciência e Tecnologia do Maranhão chora muito. Às vezes, passa um dia inteiro na cama.
Entre as possibilidades abertas para o PFL pelo afastamento de Roseana, estão o apoio a Ciro Gomes (PPS) ou a Anthony Garotinho (PSB), a recomposição da aliança com o PSDB ou a não-participação na eleição presidencial.
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