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Duhalde terá de vencer resistência para aprovar medidas exigidas pelo FMI

A Argentina espera o sinal verde para a liberação de US$ 9 bilhões para o país com  a chegada a Buenos Aires do chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anoop Singh, marcada para esta segunda-feira, dia 8.

O presidente Eduardo Duhalde terá de vencer as resistências dos aliados à aplicação das medidas de ajuste exigidas pelo Fundo, enquanto aumenta a violência no país. Eleito pelo Congresso de maioria peronista, sem o respaldo de eleições diretas, Duhalde depende dos parlamentares para implantar as reformas exigidas pelo FMI, que incluiriam a demissão de cerca de 350 mil funcionários nas províncias. Em reunião com governadores da União Cívica Radical (UCR), hoje aliada do governo do Partido Justicialista (peronista), Duhalde ouviu que o acordo com o FMI não pode incluir exigências que agravem a situação social do país. Os radicais querem medidas para reativar a economia, em recessão há 46 meses. O presidente afirmou à saída do encontro que o acordo com o Fundo será fechado, mas "se o país não ficar em chamas". 

O FMI exige, entre outras medidas, o complemento dos acordos fiscais que obrigam as províncias a reduzir em 60% o déficit fiscal. Muitos governadores temem que esse ajuste os force a demitir funcionários. A taxa de desemprego no país atinge 18,3%. O Congresso "não sancionará leis sob medida para o FMI", afirmou Humberto Roggero, líder do bloco de deputados do Partido Justicialista. 

 A liberação dos depósitos bancários retidos pelo corralito (limitação de retiradas) a partir de janeiro de 2003, anunciada pelo Banco Central (BC), criou divergências na equipe econômica e reação dos bancos, embora o BC não tenha determinado, mas apenas autorizado a liberação.  Segundo analistas do mercado, a liberação poderia provocar uma quebradeira no setor financeiro. Ante os protestos dos correntistas, o BC transferiu a responsabilidade aos bancos, que agora terão de enfrentar batalha pela sobrevivência. Os bancos que tiverem condições de flexibilizar o corralito poderão ampliar sua carteira de clientes e deixar os demais à beira da falência. O cronograma em vigor prevê a devolução dos depósitos em 18 parcelas, até 2005. Estão confiscados hoje cerca de US$ 40 bilhões, em aplicações a prazo fixo, que até o próximo dia 15 podem ser liberados para a compra de imóveis e automóveis.

Os bancos estrangeiros precisam decidir se querem continuar apostando na Argentina. A única maneira de derrotar a concorrência será com recursos de suas casas matrizes, que permitam devolver a maior quantidade de depósitos possível. A inflação no país pode alcançar os 45% neste ano, caso o dólar se estabilize em 2,50 pesos, admitiu o vice-ministro da Economia, Jorge Todesca. No projeto de orçamento, o governo prevê inflação de 15%. Apenas no primeiro trimestre, no entanto, o índice de preços ao consumidor já acumula alta de 9,7%. Na sexta-feira, o dólar fechou vendido no mercado livre a 2,85 pesos.

 
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