| 16/03/2002 12h30min
O PT não conseguiu avançar na negociação para a criação da CPI do Grampo no Congresso. Embora o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), tenha declarado apoio à CPI, a cúpula do partido ainda não tomou posição. Por enquanto, o PFL do Senado resiste, e a oposição ainda não está mobilizada na Casa.
O líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), disse que na segunda-feira apresentará aos líderes do PFL e à oposição o texto do requerimento de criação da CPI. Para ser instalada, a CPI precisará contar com as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores. A CPI se destinaria a investigar as escutas telefônicas clandestinas dos últimos anos, incluindo as denúncias de grampo nos telefones de envolvidos na privatização da telefonia e na implantação do projeto Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia (Sivam).
A iniciativa do PT foi motivada pela acusação feita pelo PFL de envolvimento do PSDB em espionagem da governadora Roseana Sarney (MA), candidata pefelista à Presidência, incluindo um suposto dossiê contra ela. A coleta de assinaturas deve começar na terça-feira, quando os congressistas retornam a Brasília. João Paulo espera contar com o apoio do PFL.
– Acredito que vão assinar. Do contrário, vai ficar muito mal para eles, que estão apresentando denúncias – disse.
Em razão do confronto com o PSDB, Inocêncio e outros congressistas do PFL – como os deputados Rodrigo Maia (RJ) e Roberto Brant (MG) – passaram a defender a criação da CPI, mas o partido está dividido. O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), que até ontem não havia sido consultado por Inocêncio sobre o assunto, resiste à idéia.
– O PFL quer a investigação das denúncias de envolvimento de setores do PSDB com atividades de espionagem, mas é preciso ter cautela para analisar o caminho mais eficaz. Não sei se seria uma CPI – afirmou Agripino, acrescentando que o partido deve tomar uma posição na próxima semana.
O presidente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), disse a aliados que prefere aguardar o noticiário do final de semana para ver se surgem fatos novos no processo sucessório. Líderes governistas tentam convencer o PFL a não apoiar a instalação da CPI.
– É um palanque para o Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência). Se os outros partidos entenderem que devem dar palanque para o Lula, tudo bem – disse o senador Romero Jucá (PSDB-RR), vice-líder do governo.
O Palácio do Planalto e o Ministério da Justiça não usam empresas privadas para rastrear telefones. A varredura nos telefones do Planalto é feita semanalmente pela própria segurança do presidente Fernando Henrique Cardoso e, esporadicamente, pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), conforme o Ministério da Justiça.
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