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 | 15/03/2002 10h38min

Duhalde volta a culpar FMI por crise

Irritado com a possibilidade cada vez maior de não receber ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente argentino Eduardo Duhalde resolveu resolveu endurecer seu discurso e atacar duramente a instituição. Duhalde disse que o Fundo tem sua responsabilidade na crise argentina porque “endossou” o regime de conversibilidade. Em entrevista à rádio mexicana InfoRed, o presidente disse que “foram políticas econômicas equivocadas que nos levaram a esta situação”.

Para Duhalde, o fato de o FMI ter dado apoio à conversibilidade impossibilitou que os argentinos percebessem quando era a hora de abandonar o regime:

– Durante 12 anos esses mesmos funcionários (do Fundo) têm se equivocado na Argentina. Eles buscarão bodes expiatórios, dirão que (os culpados) são os governadores, que é a corrupção.

Duhalde se referia às recentes declarações dos funcionários do Fundo de que foram os próprios argentinos que provocaram a crise e que, agora, eles mesmos devem tomar medidas para superá-la. Ontem, o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, voltou a afirmar que deseja auxiliar a Argentina, mas o país deve demonstrar primeiro a vontade de se ajudar. O presidente se reúne hoje com governadores de seu partido, o Justicialista, na tentativa de obter respaldo político ao seu debilitado governo.

A primeira-dama, Hilda “Chiche” González de Duhalde, disse que o governo estuda o envio de uma missão humanitária ao FMI para sensibilizar a instituição da necessidade de empréstimo. O ministro argentino da Economia, Jorge Remes Lenicov, por sua vez, defendeu a anulação de lei editada pelo último regime militar contra a guerrilha, nos anos 70, agora aplicada em processos contra banqueiros.

A Lei de Subversão Econômica foi criada para combater as estruturas financeiras do grupo guerrilheiro Montoneros. A legislação pune transações consideradas de risco ou de prejuízo para a economia nacional e, nos últimos meses, foi aplicada por juízes que investigam a lavagem de dinheiro e a fuga ilegal de capitais. A lei é criticada pelo FMI e por grandes investidores estrangeiros.

 
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