| 12/03/2002 15h39min
O empresário Jorge Murad, marido de Roseana Sarney (PFL), afirmou que o destino dos R$ 1,34 milhão encontrados pela Polícia Federal no escritório da empresa Lunus Serviços e Partipações Ltda. no dia 1º de março era a campanha eleitoral da governadora do Maranhão à Presidência da República. Em nota oficial, Murad disse que a responsabilidade pela arrecadação era apenas dele. Também anunciou na tarde desta terça-feira, 12 de março, que deixará o cargo de gerente de Planejamento no governo estadual.
A explicação sobre o dinheiro foi a primeira desde que os recursos foram encontrados. Na nota, o marido de Roseana afirma que a demora ocorreu devido a uma profunda e compreensível depressão a que teria sido submetido pela força dos acontecimentos e por saber que, involuntariamente, estava prejudicando um projeto nacional sério e viável. De acordo com a legislação eleitoral, a arrecadação dos recursos para financiar a campanha é irregular, pois o calendário eleitoral prevê que as doações devem ocorrer apenas depois da escolha dos candidatos nas prévias partidárias e do registro na Justiça Eleitoral, o que ocorre em junho.
A declaração de Murad ocorreu no mesmo dia em que o presidente nacional da sigla, o catarinense Jorge Bornhausen, viajou ao Maranhão para um encontro com Roseana. Os dois discutiriam os rumos da candidatura ao Planalto depois das denúncias envolvendo a governadora. Pesquisas de opinião demonstram a queda da pefelista na preferência do eleitorado e já deixam líderes do PFL em dúvida sobre o apoio à governadora. Além da falta de explicação sobre os R$ 1,34 milhão encontrados na Lunus, há suspeita de que empresa – que pertence à Roseana e a Murad – esteja envolvida em fraudes da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
• Leia a íntegra da nota de Murad:
"Em atenção às notícias veiculadas pela imprensa nos últimos dias, a respeito da apreensão no meu escritório de significativo valor em dinheiro, e em respeito à opinião pública, venho esclarecer o seguinte:
Como é do conhecimento de todos, a governadora Roseana é pré-candidata à Presidência da República. Neste momento, vive o país uma campanha eleitoral de fato. Isto decorre da lei a filiação partidária um ano antes da eleição, pesquisas eleitorais – cruciais à informação da opinião pública, depositadas em juízo cinco dias antes da divulgação desde 1º de janeiro de 2002 –; desincompatibilizações a partir de 5 de abril próximo. Mas tudo isto se submete à ficção de que a campanha eleitoral só se iniciaria em 6 de julho próximo. Tal fato social não se compreende na lei. A política é o mundo dos fatos reais; a essa realidade, a pré-campanha, não responde a lei. Agi só. Agi por determinação própria. Corri os riscos inerentes à realidade social do País. Assumo a responsabilidade da iniciativa e saio do governo neste momento para evitar maior constrangimento a quem quer que seja.
Assumo – repito, assumo – a responsabilidade desse ato, o de ter buscado numerário para fazer face às despesas iniciais e inevitáveis desse momento de pré-campanha.
Tal montante, imediatamente após ser recebido, e antes ainda de cumprir o fim a que se destinava, foi apreendido, como é de conhecimento de todos.
Quero consignar, profundamente consternado, que amigos das horas difíceis, resolveram interceder por mim, inclusive com exposição pública de versões não-autorizadas, causando, nessas pessoas, um constrangimento desnecessário e pelo qual peço desculpas.
A demora na explicação exata dos fatos deve-se única e exclusivamente a uma profunda e compreensível depressão a que fui submetido pela força dos acontecimentos e por saber que, involuntariamente, estava prejudicando um projeto nacional sério e viável. No foro apropriado, detalharei todas as circunstâncias de meu ato. Por imperativo da verdade submeto esses fatos à opinião pública, com sinceros pedidos de desculpas a todas as pessoas, inclusive à governadora e ao seu partido, mantendo a firme convicção de que nada fiz de ilegal."
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