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Sobre o programa

Viajantes

A série Viajantes foi construída a partir de roteiros de estrangeiros que percorreram as fronteiras e os caminhos culturais e geográficos do Rio Grande do Sul. Uma série de percursos ligando o passado e o presente, a história e a memória das gentes que conformaram a paisagem e o homem – reais e míticos – da terra gaúcha. São cinco episódios de 15 minutos de duração, cada um guiado pelos relatos e mapas de um francês (Saint-Hilaire), um italiano (Buccelli), um alemão (Harnisch), um irlandês (Mulhall) e um belga (Baguet). A série propõe uma revitalização do tema 'viagem' buscando um mergulho na mentalidade dos viajantes pesquisados, com suas impressões e interpretações, seus olhares sobre a diversidade de culturas que formaram o mosaico antropológico sul-riograndense.

Viajantes pode ser também uma revisitação – segundo o argumentista da série André Costantin - da identidade gaúcha, interessada no olhar do outro sobre nós, pois o processo de formação da identidade é sempre distintivo, assentado na diferença em relação ao 'outro', cujo olhar ajuda a nos definir individual e coletivamente. A série será um road movie pelas estradas reais e simbólicas do Rio Grande do Sul.

Viagem ao Rio Grande do Sul – Saint-Hilaire – 1820 –1821

O botânico e naturalista francês, Auguste de Saint-Hilaire, chegou ao Brasil, em 1816. Veio catalogar novas espécies de plantas, mas ele foi além disso. Fazendo anotações diárias, Saint-Hilaire deixou preciosos registros históricos sobre várias regiões do Brasil do século 19.

No Rio Grande do Sul, Saint-Hilaire chegou por terra, adentrando as Guaritas de Torres, no inverno de 1820. Ele desceu até Porto Alegre, foi para o sul do estado, ao Uruguai, voltou e percorreu a região missioneira do Rio Grande e desceu o Jacuí. Regressou ao Rio de Janeiro em maio de 1821.

O primeiro episódio de Viajantes, Viagem ao Rio Grande do Sul – Saint-Hilaire – 1820 –1821, faz um resumo da trajetória do viajante francês no Rio Grande do Sul com trechos dos seus relatos: a beleza da paisagem de Torres, o primeiro contato com o clima e com os costumes da época, numa fazenda em Tramandaí, a visão de uma Porto Alegre que já dava indícios de que seria uma metrópole, as exportações em Rio Grande, as charqueadas e a escravidão em Pelotas. Saint-Hilaire teve, no Rio Grande do Sul, uma experiência alucinógena após ingerir mel de abelhas conhecidas como lechiguanas, tendo delírios e alucinações.

Segundo a historiadora Sandra Pesavento, que participa do episódio, Saint-Hilaire revela-nos modos de ser e proceder, que vão ajudar a compor o que viria a ser o tipo característico do Rio Grande do Sul. O especial tem, também, depoimentos do historiador Voltaire Schilling; do pesquisador Terson Praxedes; e do engenheiro agrônomo Paulo Vitor de Souza.

O episódio teve locações nas cidades de Torres, Porto Alegre, Barra do Ribeiro, São José do Norte, Rio Grande e Pelotas.

- Em todos os locais – diz o diretor Hique Montanari - foram recriadas ambientações do século 19, que interagem ou se confundem com interferências do Rio Grande do Sul do século 21.

O roteiro é de José Antônio Silva, com argumento de André Costantin. Participação especial e narração de Adriano Basegio. Fotografia de Jorge Henrique 'Boca' e trilha sonora original de Felipe Vieira. Coordenação de produção de Zanza Pereira. Direção geral de Gilberto Perin. Realização da RBS TV de Porto Alegre.

Viagem ao Rio Grande do Sul - Alexandre Baguet

Tem o tamanho de um coco. Enchem com uma erva verde e colocam água fervente, a qual eles sorvem por um canudo de metal cheio de furos em uma das extremidades e um bocal na outra. Parecem gostar. Riem quando o noviço apressado queima a língua.

Foi assim que o viajante belga Alexandre Baguet descreveu o chimarrão. Acompanhado de um militar americano, ele atravessou o Rio Grande do Sul em 1845, entrando pela barra de Rio Grande. Ele descreveu as paragens desoladas da barra e depois navegou pela Lagoa dos Patos até Porto Alegre. Depois, rumou ao Interior, passando por Rio Pardo, entrando na Campanha e Missões e atravessou a Fronteira rumo ao Paraguai. Os pontos de vista desse estrangeiro fazem parte do episódio Viagem ao Rio Grande do Sul - Alexandre Baguet da série Viajantes. Baguet viajou pelo Rio Grande do Sul no ano de 1845, recém findada a revolução Farroupilha. Deixou um caderno de viagens onde relatou de forma simples o que viu por aqui, afinal era um comerciante e não um homem de letras. Admirou-se com Porto Alegre e com a habilidade dos rio-grandenses no trato com os cavalos.

O especial, dirigido por Saturnino Rocha, traz também depoimentos de estrangeiros que moram, atualmente, no Rio Grande do Sul: Alfa Onmar Dialho (Senegal), Maria Tomaselli (Áustria), Charles del Pinto (Estados Unidos) e Philippe Remondeau (França). O escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, que escreveu o prefácio do livro de A. Baguet (Viagem ao Rio Grande do Sul, Edunisc, Santa Cruz do Sul, 1997), traça um perfil do viajante belga. As gravações desse episódio foram realizadas em Porto Alegre, Rio Pardo e Itapuã.

Roteiro de Rafael Guimaraens, com fotografia de Eduardo Izquierdo. Argumento de André Costantin. Participação especial do ator Roberto Birindelli, com narração de José Baldissera e Luiz Paulo Vasconcellos. Trilha sonora de Jean Presser. Coordenação de produção de Zanza Pereira. Direção geral de Gilberto Perin. Realização da RBS TV de Porto Alegre.

Michael George Mulhall: olhar de viajante

Michael George Mulhall tinha sólida formação acadêmica e jornalística, natural de Dublin, emigrou para a Argentina em 1858, aos 22 anos. Em 1871, viajou pelo Rio Grande do Sul e dedicou especial atenção às colônias alemãs, de cujos relatos resultou o livro O Rio Grande do Sul e suas colônias alemãs (Editora Bels, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1974). Mulhall também prestou atenção às cidades de Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, Jaguarão, às estâncias da Lagoa Mirim, aos empreendimentos ingleses em todo o Estado.

A passagem do irlandês Mulhall pelo Sul foi revelada em uma série de reportagens publicadas no jornal Correio do Povo, entre maio e junho de 1966, pelo respeitado tradutor alemão Herbert Caro, intelectual que viveu por várias décadas no Rio Grande do Sul. Em 1974, comemorando o sesquicentenário da colonização alemã, traduziu e editou o livro de Michael Mulhall, O Rio Grande do Sul e suas Colônias Alemãs. O livro descreve cenas que o desenvolvimento apagou ao longo do século.

O especial da série Viajantes mostra o que Michael Mulhall viu no passado, com uma linguagem que mistura ficção e realidade. As gravações foram realizadas em Porto Alegre, Viamão, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Dois Irmãos, Ivoti, Morro Reuter e Nova Petrópolis.

- Muita coisa mudou nestes anos – diz o diretor Claudinho Pereira - e muitas coisas que Michael Mulhall viu estão lá preservadas no tempo.

O argumento da série é de André Costantin, com roteiro de Carlos Urbim. Participação especial de Jean Adler, com narração de Victor Hugo e Sepé Tiaraju de Los Santos. Fotografia de Cláudio Zigiotto, trilha sonora dos DJs Mano Pereira e Mouse. Coordenação de produção de Zanza Pereira. Direção geral de Gilberto Perin. Realização da RBS TV de Porto Alegre.

Vittorio Buccelli (Itália) - roteiro e direção: André Costantin

Um jornalista italiano parte do Rio de Janeiro, passa por Santos e ruma ao sul. Entra pela Lagoa dos Patos e chega a Porto Alegre, que descreve em detalhes, no ano de 1904. Depois visita as colônias italianas da serra, antes de seguir para a campanha. Nas colônias italianas, faz muitas observações sobre os assentamentos das vilas e núcleos, sobre a organização dos negócios e dos trabalhos. É uma descrição sempre detalhada, porém mais técnica. Ainda assim, registra impressões tocantes de seus informantes: A Itália sim, é bela e boa, mas a pátria é onde se está bem. Os registros de Buccelli encontram-se apenas em italiano no livro Un Viaggio a Rio Grande del Sul, editado em Milão em 1906, que contém fotos dos lugares e personagens descritos.

Wolfgang Hoffman Harnisch – O viajante das imagens

A viagem do alemão Wolfgang Hoffman Harnisch ao Rio Grande do Sul, em 1940, tem características que a distinguem das viagens dos outros viajantes: registrou com sua máquina fotográfica cenas da paisagem e do homem gaúcho. A ideia do episódio Wolfgang Hoffman Harnisch – O viajante das imagens é aproveitar esta relação intensa dele com a imagem, que transparece em suas fotos e em seus relatos, de grande força imagética.

Pelo que se depreende do próprio relato do viajante, ele teria vindo ao Rio Grande para realizar um estudo biográfico de Getúlio Vargas. Aqui chegando, encantou-se com o Rio Grande do Sul, território que percorreu em todas as direções, anotando, fotografando e escrevendo suas impressões num estilo quase dramatúrgico. As cenas descritas por Harnisch são entremeadas por acenos filosóficos.

Guiado por seu livro, Rio Grande – a terra e o homem, o programa refaz o itinerário de Harnish, revisitando no Rio Grande de hoje, através das cenas percebidas pelo alemão há 60 anos.

- Nosso olhar – diz o diretor Rafael Figueiredo - é mediado pela presença de um fotógrafo atual, Leopoldo Plentz. O percurso do fotógrafo, hoje, é uma viagem para alguns lugares-chave das narrativas de Harnisch, como também é um percurso imaginário pelos lugares e personagens descritos e revelados nas imagens fotográficas.

O programa teve gravações em São Borja, São Miguel das Missões e Porto Alegre. Com roteiro e argumento de André Costantin, o episódio tem fotografia de Vini Nora, trilha sonora de Jean Presser e narração de Luiz Paulo Vasconcellos e Mirna Spritzer. Coordenação de produção de Zanza Pereira. Direção geral de Gilberto Perin. Realização da RBS TV de Porto Alegre.

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