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Priscila Fonseca da Cruz

1. Por que mesmo sendo a 6ª economia do mundo, o Brasil ainda está no 88º lugar no ranking mundial da educação?

Essa distância entre economia e Educação é injusta e explica, em grande medida, por que somos um dos países mais desiguais do mundo. O País ainda tem uma grande dívida histórica com sua Educação. Dívida acumulada por séculos de descaso com a área. Temos avançado nas últimas décadas, mas ainda em ritmo muito lento. Por exemplo, ainda hoje temos 3,7 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola no País. Em relação à aprendizagem, os dados são ainda mais preocupantes. Hoje, o Brasil passa por um intenso e importante momento de crescimento, tendo o 6º Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Entretanto, crescer economicamente sem que isso seja acompanhado do aumento da qualidade e da equidade na Educação é um equívoco que, além de comprometer o desenvolvimento do País, limita as oportunidades dos brasileiros.

Desenvolvimento educacional é desenvolvimento social, e maior escolaridade gera maior qualidade de vida para toda a população. Portanto, essas oportunidades dependem, necessariamente, de uma elevação substantiva dos resultados educacionais. Acima de outras prioridades estruturais, como os nós logísticos de infraestrutura e da questão tributária, se o Brasil quiser ser um país sustentavelmente desenvolvido, fortemente competitivo e socialmente justo, terá que colocar a questão da qualidade da Educação no topo de suas prioridades.

2. Por que 34,5% dos alunos do Ensino Médio não estão na série correspondente a sua idade?

Um dos grandes problemas que o Brasil tem ainda hoje é um alto índice de repetência, atraso escolar e de evasão, estes altos índices fazem com que muitos alunos não estejam cursando a série correspondente à sua idade e que haja uma perda gradual de alunos ao longo de todo o percurso da Educação Básica. Neste sentido é fundamental que se introduzam cada vez mais ações de forma a reduzir a repetência e a distorção idade-série, com oportunidades para que os alunos recuperem a aprendizagem durante o ano letivo. Assim, teríamos não só o aluno aprendendo o que é esperado em cada série, mas também concluindo na idade correta.

3. Por que é importante os pais participarem da vida escolar dos seus filhos?

Os pais têm papel fundamental para o sucesso escolar dos filhos. Ter a Educação como um valor familiar pode contribuir para que o aluno tenha mais interesse pela escola, respeite professores e colegas, o que torna o ambiente mais favorável para um bom desempenho escolar. Os pais, independente do nível de escolaridade que tenham, podem acompanhar e participar ativamente da vida escolar dos seus filhos, com ações simples, como estimulá-los a fazer o dever de casa; participar, quando possível, das atividades na escola, como reunião com professores e atividades culturais; e incentivar a leitura.

4. Por que apenas 2% dos estudantes querem seguir a carreira de professor?

Hoje, a carreira do magistério no Brasil não é valorizada como deveria ser. O professor deveria ser o profissional mais valorizado, uma vez que é ele que dá origem a todas as demais carreiras. Não é uma questão apenas de salário, é um conjunto de políticas que fazem com que a carreira tenha baixa atratividade. Para mudar este cenário é preciso salário inicial e plano de carreira mais atraentes, formação inicial e continuada de melhor qualidade e que prepare o professor para a sala de aula, com foco no aprendizado nos alunos, e também de boas condições de trabalho.

5. Por que 89% dos estudantes chegam ao final do Ensino Médio sem aprender o esperado em matemática?

Garantir o aprendizado dos alunos é hoje, certamente, um dos maiores desafios da Educação brasileira, especialmente o aprendizado em matemática. Os resultados ruins ao final da Educação Básica, na verdade, são o acumulo dos resultados anteriores. Ou seja, se a criança não é alfabetizada até os 8 anos - alfabetizada em língua portuguesa e também em matemática -, terá mais dificuldade de aprendizado nos anos seguintes, tendo mais dificuldade, acaba repetindo o ano ou, desestimulado, pode até abandonar os estudos. E estes fatores vão se acumulando ao longo da trajetória escola, fazendo com que apresentem resultados tão baixos ao final do Ensino Médio, quando chegam até lá. Portanto, é imprescindível garantir que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas até os 8 anos de idade e que sejam acompanhadas de perto por professores e pais ao longo dos anos seguintes, para garantir mais apoio para os alunos que apresentarem mais dificuldades e desafios para aqueles que já estão a frente. Também, principalmente no caso da matemática e ciências exatas, precisamos de professores com formação inicial e continuada adequadas.

6. Por que a maioria dos alunos matriculados no último ano do Ensino Fundamental não aprendem o mínimo considerado adequado?

Aqui temos a mesma questão do desafio da aprendizagem, que deve ser garantida desde os anos iniciais da Educação Básica, para que os ganhos se acumulem ao longo da trajetória escolar e tenhamos melhores resultados ao final do Ensino Fundamental e também do Ensino Médio. Para isso, alguns fatores são imprescindíveis, como boas políticas e bons gestores - que as façam chegar e ter impacto em sala de aula -, professores motivados e valorizados, pais atuantes e que acompanhem a Educação de seus filhos, alunos interessados e que respeitem toda a comunidade escolar e infraestrutura adequada.

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