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Miriam Abramovay

1. Por que mesmo sendo a 6ª economia do mundo, o Brasil ainda está no 88º lugar no ranking mundial da educação?

O Brasil não é um país que tenha a educação como prioridade nacional, senão como um tema considerado importante. Esta diferença conceitual é fundamental para se explicar porque sendo a 6 ª economia mundial e provavelmente a 5 ª economia do mundo, não temos uma posição honrosa quanto à educação. É importante mencionar que, nos últimos anos, tivemos importante avanços, entre os quais o aumento significativo de recursos financeiros do Governo Federal alocados na educação, aumento da discussão sobre o tema pelos meios de comunicação, o debate sobre o PNE e o aumento do PIB voltado para a educação, assim como um maior interesse e uma maior participação da sociedade civil nas discussões. Apesar de todos os problemas existentes tivemos, também, melhores indicadores no último PISA. No entanto, este dado é ainda pouco significativo na medida em que nossa dívida histórica é imensa e necessitamos que no Brasil a educação se torne uma política de Estado a longo prazo, independente dos prazos políticos de cada governo.

2. Por que 34,5% dos alunos do Ensino Médio não estão na série correspondente a sua idade?

Continuamos enfrentando, no Brasil, o drama da repetência, da evasão e do abandono, assim como da defasagem série- idade. Todos esses problemas são consequência da baixa qualidade de nosso ensino. As diversas avaliações realizadas mostram uma melhoria nas primeiras séries do ensino fundamental que não se dá no ensino médio. Na escola pouco se aprende, não temos uma educação adaptada para os adolescentes e jovens, onde a cultura juvenil é considerada. A escola não é um local de prazer e alegria como Paulo Freire afirmava que deveria ser. O tempo da escola não pode ser o tempo de enfado, que mina a alegria de viver. Nossa escola não responde aos anseios e necessidades de uma realidade sentida e vivida pelos alunos, onde a descoberta do conhecimento é uma aventura.

3. Por que é importante os pais participarem da vida escolar dos seus filhos?

Não há dúvida sobre o fato de que a família tem fundamental importância na escolarização de crianças e jovens, atuando, em sua relação com a escola, como coadjuvante no processo educativo promovido por esta instituição. A qualidade do cotidiano escolar é marcada pela interação entre os atores desse espaço social ? pais, estudantes, professores, diretores e demais gestores e agentes. Entretanto, a cada dia, a relação família-escola se torna mais distante e tensa, reduzindo-se seu potencial de contribuição para que os estudantes tenham uma trajetória bem-sucedida. Na busca das causas para fenômenos como a repetência, a evasão escolar e, principalmente, a escalada da violência nos estabelecimentos de ensino, percebe-se que é cada vez mais frequente a culpabilização de uma pela outra, sobretudo por parte da escola, que acusa as famílias e os próprios estudantes por grande parte dos problemas registrados, eximindo-se, frequentemente, de sua responsabilidade. A escola somente pode ensinar democracia em um contexto democrático e o trabalho com os pais é essencial neste sentido. Somente prestando contas de suas atividades e mudando as relações com as famílias é que a escola pode estar mais integrada às comunidades locais, aceitando suas formas de ser e sua diversidade. Deve ser esta a escola do século XXI, onde se ensina com qualidade, onde se colabora, onde se ajuda na socialização de crianças e jovens. Uma escola que se estabelece como espaço central de afirmação da cidadania.

4. Por que apenas 2% dos estudantes querem seguir a carreira de professor?

Os salários dos professores não atraem e a educação não consegue competir com outras carreiras tanto no setor público como no setor privado. Ser professor hoje em dia deixou de ser uma carreira que implique prestígio e poder. Os países que são os ?campeões? da qualidade e que priorizam a educação (Finlândia, Canadá, Coreia, Japão) valorizam a educação e estimam seus professores, além disso, o professore também se valorizam, já que é o principal responsável pela educação de crianças, adolescentes e jovens.

5. Por que 89% dos estudantes chegam ao final do Ensino Médio sem aprender o esperado em matemática?

Esta questão tem relação com a qualidade da educação, como afirmamos anteriormente. E este é nosso grande desafio. A aprendizagem dos alunos nas últimas séries do ensino fundamental continua sendo deficitária e aqueles que conseguem chegar ao ensino médio, principalmente no ensino público, apresentam grandes defasagens inclusive na matemática. As escolas não estão preparadas para ensinar com qualidade e o resultado é, por exemplo, o de matemática, onde alunos terminam o ensino médio com apenas noções básicas sobre a matéria e onde existem também professores mal formados nessa especialidade.

6. Por que a maioria dos alunos matriculados no último ano do Ensino Fundamental não aprendem o mínimo considerado adequado?

Nossas escolas apresentam grandes deficiências. Uma das estratégias que mudaria de forma significativa a realidade é uma priorização da formação dos professores, o que implica mudar radicalmente a forma como as universidades públicas e privadas estão respondendo as necessidades da educação, tanto pública como privada. Temos que investir mais na formação dos professores, que hoje se mostra inadequada.

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Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho

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