O Brasil tinha, em 1930, apenas 21,5% das crianças na escola e demorou muito para universalizar o acesso ao Ensino Fundamental. Mesmo depois da universalização do acesso, manteve um modelo de ensino que desconhece as características do aluno matriculado em redes públicas. Adota-se ora o modelo de transmissão do saber descompromissada com a aprendizagem efetiva, ora uma visão populista, de ensino de segunda classe, ou seja, para o aluno vindo de camadas excluídas, oferecem-se conteúdos mais fáceis, sem demandas como dever de casa, redação ou provas. Some-se a isso a ausência de currículos claros, que definam com precisão o que deve ser ensinado a cada série.
O atraso começa mais cedo, no Ensino Fundamental. Há uma certa demora das famílias em matricular seus filhos na escola e, com a forma como foi implantada a progressão continuada em muitas redes públicas no País, em que o aluno que não aprende e não conta com mecanismos de monitoramento da aprendizagem e de reforço escolar, nas séries em que é possível a reprovação, há um represamento de alunos repetentes. No Ensino Médio, já chegando mais velhos e com déficits expressivos de aprendizagem, tanto em Matemática (o pior desempenho segundo dados do SAEB-2009) como em Português, a tendência é a de os alunos ficarem retidos no 1º ano.
A participação dos pais é fundamental, mesmo entre os não letrados. Cabe às redes tornar esta participação possível, preparando os professores e diretores para receber bem os pais de escolaridade reduzida ou que acumularam ressentimentos com a escola que os excluiu no passado. Tivemos uma boa experiência produzindo cartilhas para distribuição e leitura conjunta com as famílias sobre como apoiar o estudo dos filhos em diferentes situações, como a alfabetização, a passagem para o 6º ano (quando há mais de um professor e o aluno entra na adolescência), a Educação Especial e o ensino em tempo integral. A Escola de Pais, adotada no Rio de Janeiro para pais de alunos de creches ou matriculados no atendimento alternativo aos sábados, também ajuda muito ao trabalhar temas como o fortalecimento de vínculos familiares, a estimulação do cérebro das crianças, a saúde e nutrição dos bebês e a leitura em família.
A carreira de professor perdeu prestígio na sociedade. Os salários não diminuíram, mas o status associado ao exercício da profissão caiu em relação direta com dois fenômenos contemporâneos: a abertura de diferentes opções profissionais para as mulheres (antes restritas ao exercício da docência, assistência social ou enfermagem) e a entrada massiva dos filhos dos não letrados nas escolas públicas.
A ausência de um currículo claro e a visão populista de ensino, a qual me referi nas questões anteriores, fazem com que o aluno não desenvolva seu raciocínio matemático ou sequer a competência para entender a formulação de problemas aritméticos simples. Além disso, o professor percebe-se ainda, em certa medida, como um fornecedor de aulas e não um assegurador de aprendizagem.
Respondida na questão número 2.
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