Vestibular | 15/04/2014 02h02min
2013, 2012, 2011, 2010... até soa como contagem regressiva, mas, para um vestibulando, pode ser uma desagradável lista de insucessos. Tentar uma, duas, três vezes é algo comum, considerando que um concurso como o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) costuma ter cerca de 40 mil participantes para pouco mais de 4 mil vagas.
Em tese, o estudante adquire mais familiaridade com os conteúdos e as provas a cada tentativa. Por outro lado, às vezes vê amigos entrando na faculdade e — pior — as médias dos aprovados aumentando. Em 2010, o último colocado em Medicina no acesso universal da UFRGS passou com 736,68. No verão passado, o último obteve 755,45. Em Psicologia — Diurno, a média subiu de 589,49 para 642,57, entre os mesmos anos, na mesma modalidade de ingresso.
Conheça histórias de quem insistiu e conquistou a vaga na universidade
Porém, isso não se repete em todos os cursos. As médias dos últimos colocados no acesso universal em Direito — Diurno, por exemplo, caíram de 679,74, em 2010, para 640,71, nesse ano. Em Fisioterapia, a queda nos mesmos anos foi de 591,37 para 540,09.
— Percebo que as cotas e a adesão da UFRGS ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) deixam os estudantes do acesso universal mais nervosos. Mas as regras são essas. Não adianta tentar discutir se é justo ou injusto. Tem de focar no estudo — comenta o psicólogo Fernando Elias José.
Nascida em Marau, Adriane Castioni, 21 anos, vive há quatro anos em Porto Alegre, onde estuda para fazer vestibular para Direito. Em 2015, tentará pela quinta vez:
— Meu primeiro vestibular, fiz para Engenharia Química. Depois, duas vezes para Biomedicina. Mas eu não estava bem certa do que queria, então, procurei um psicólogo. Não mudei em busca de um curso mais fácil de passar, mas porque se encaixava melhor no meu perfil.
Além de refazer a escolha da graduação, Adriane mudou algumas outras coisas. Ela diz que "caiu na real" depois dos dois primeiros vestibulares:
— Sinceramente, não levei muito a sério no começo. Mas, agora, vou reservar horários para estudar à noite e nos fins de semana, sempre mantendo um momento para mim, para pôr, além do estudo, a cabeça em dia. Vou me impor mais regras. Tenho é que me concentrar mais.
Tente outra(s) vez(es)
Apesar da experiência acumulada com a sequência de vestibulares, a pressão por passar o quanto antes também pode aumentar. O porto-alegrense Ângelo Zanin Gianpaoli, 19 anos, se prepara para encarar seu quarto vestibular para Medicina no ano que vem. Na primeira tentativa, em 2012, tinha 16 anos e recém havia terminado o Ensino Médio.
— Não fiz cursinho naquele ano. Antes, encarava o vestibular com mais tranquilidade. Terminei o colégio cedo. Por um lado, foi bom para concorrer logo. Por outro, foi ruim, porque não estava tão maduro. Não tinha noção do quanto se tem de estudar para passar em Medicina — explica.
Mais consciente de suas necessidades, Ângelo pretende mudar algumas estratégias para este ano. Ele lembra que, no concurso passado, chegou perto da vaga, pois teve a redação corrigida — item em que, segundo ele, não foi tão bem.
— Pretendo me dedicar mais na redação e ter mais horas de estudo, com mais organização. Acho importante fazer vestibulares de inverno. Não fiz no ano passado e, hoje, me arrependo — lamenta.
Professor de matemática do Grupo Unificado, Régis Gonzaga acaba percebendo na sala de aula a ansiedade de alguns estudantes. Para motivá-los, procura transmitir que vale a pena seguir em busca de um sonho:
— No exercício profissional, a demora em entrar na faculdade e se formar não influencia em nada. Tive um aluno que levou sete anos para passar em Medicina. Seus colegas de escola já estavam se formando quando ele entrou. Mesmo assim, hoje, ele é um profissional realizado. Quanto mais difícil a batalha, maior a sensação de vitória.
ZERO HORAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2012 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.