A alfabetização é um dos momentos mais importantes para as crianças, pois representa a transição da infância para uma nova fase que durará por toda vida. É um processo que exige cuidado, paciência, atenção e dedicação por parte de todos os envolvidos, pois se o pequeno passar com tranquilidade por essa etapa dará um passo fundamental para as fases seguintes que envolvem ainda mais aprendizado e conhecimento.

A inserção da criança em um ambiente responsável por sua alfabetização é fundamental para que ela possa começar a se relacionar com essa novidade. Em 2006 foi sancionada a lei 11.274 para mudar a duração do ensino fundamental de oito para nove anos, transformando o último ano da educação infantil no primeiro ano do ensino fundamental, buscando ampliar o tempo de permanência da criança na escola, a fim de assegurar que as crianças tenham um tempo mais longo para consolidar a alfabetização e o letramento. “Esta ampliação tem como objetivo eliminar a defasagem existente entre os alunos das escolas públicas e aqueles procedentes de estabelecimentos particulares de ensino, oferecendo assim, cada vez mais uma educação de qualidade, sempre de forma democrática, independente de classe social”, afirma a pedagoga Márcia Murillo.

Para a pedagoga, os pais e profissionais da área precisam entender que esse processo oficialmente começa na primeira série (com cerca de seis anos), mas que a criança já carrega consigo uma história, por isso, o ritmo de cada uma precisa ser respeitado. “Não podemos achar que imediatamente ela estará pronta, é preciso um tempo de experiências diversificadas, tanto com as letras, propriamente ditas, como uma continuidade às vivências anteriores”.

O contato com os livros, leituras variadas e materiais como tintas guache, canetas hidrocores e lápis são formas de ajudar nesse momento com o desconhecido. “Os educadores e a família podem criar estratégias para aproximar as crianças de outros espaços, novas oportunidades e experiências variadas”.

De acordo com Márcia, não é aconselhável comparar o desempenho entre as crianças, nem fazer com que esse momento seja algo chato ou cansativo. “Muitos pais consideram o processo da alfabetização simples, mas não é. Portanto, pensar em brincadeiras, despertar a curiosidade e criar histórias são formas divertidas para que as crianças vivenciem essas aprendizagens”, sugere a pedagoga.

Confira mais algumas dicas que podem ajudar aos pais na alfabetização das crianças:

- Além das cartilhas e cadernos da sala de aula, aposte no ambiente alfabetizador (espaços que possibilitam promover um combinado de ações e situações reais de leitura e escrita, nas quais as crianças podem ser convidadas a vivenciarem em torno deste momento), conversas instigantes, brincadeiras, passeios com destaque para a observações deste ambiente (placas, faixas), entre outros.
- Ao acompanhar as histórias contadas pelos pais momentos antes de dormir, por exemplo, as crianças começam a perceber que para ler é necessário começar a visualizar a história da esquerda para a direita, além de diferenciar as palavras das ilustrações.
- Brincar com as palavras é estimulante. Colocar uma lousa em casa, montar um calendário interativo - onde a criança poderá participar e planejar sua rotina do dia - e inserir jogos simples que envolvam o brincar com letras e palavras podem incentivar as crianças a escreverem não somente na escola.
- Compartilhe atividades com as crianças que envolvam a escrita. Pedir ajuda delas na hora de fazer a lista de compras ou legendar o álbum de fotos pode ser um incentivo a mais.
- Associe desenho com palavras. A mãe pode pedir ajuda para o filho pegar a caixa de leite na geladeira. Ele já saberá o que é, mas terá que encontrar a palavra leite na caixa para assimilar melhor como escrever.
 - Disponibilizar espaços com diferentes materiais (revistas, tesoura, cola, papéis, jogos,...), buscando com isso oportunizar momentos de exploração ampliada para a criança.