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Educação Básica  | 25/02/2014 08h18min

As aulas voltaram e os problemas, também

Início do ano letivo expõe fraquezas das redes municipais e estadual

Maurício Araújo  |  Especial

O ano letivo começou na segunda-feira para os 25 mil alunos da rede estadual em Santa Maria. Na quinta-feira passada, foram os 20 mil estudantes da rede municipal que regressaram. E mais que a algazarra dos jovens e crianças, são os problemas de algumas instituições que vêm se destacando.

As questões não são exclusivas de Santa Maria. Em Caçapava do Sul, por exemplo, um contrato não renovado entre Estado e município deixou mais de mil alunos sem transporte e, consequentemente, sem aulas. Os problemas para ir à aula foram uma das queixas de pais que fizeram um protesto, ontem de manhã, em Dilermando de Aguiar.

Sindicatos apontam deficiências

Os problemas apresentados pelas escolas públicas não passaram despercebidos pelas entidades sindicais, que estão fazendo levantamento das dificuldades.

O Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) afirma que, na rede municipal, a pior situação é na Educação Infantil. Segundo a coordenadora do Sinprosm, Martha Najar, para abrir mais vagas, a prefeitura terminou com as aulas em turno integral. A medida prejudica os pais que trabalham o dia inteiro e não têm onde deixar as crianças.

– A prefeitura mascara problemas sérios – argumenta Martha.

A secretária municipal de Educação, Silvana Guerino, nega a informação. Ela diz que nenhuma vaga foi fechada e que as gestoras estão orientadas a garantir oportunidades para as famílias que precisem deixar os filhos em turno integral.

– Se não tem vaga na escola solicitada, encontramos outra. A informação do Sinprosm não procede – afirma a secretaria.

Já o 2º Núcleo do Cpers/Sindicato aponta a falta de estrutura das escolas, que poderiam oferecem risco à segurança dos alunos.

– É muita burocracia para conseguir obras. A (escola) Cilon Rosa, por exemplo, demorou anos para ter um muro. Nossas escolas estão velhas e ninguém acha soluções. Falta segurança – acusa a coordenadora regional, Sandra Régio.

Em Santa Maria, a maior parte das reclamações estão relacionadas à manutenção dos prédios. É o caso da Escola Municipal Duque de Caxias, que apresenta rede elétrica velha e frequentes faltas de luz devido à sobrecarga. O conselho escolar da instituição se reunirá com integrantes da Secretaria Municipal de Educação (Smed) amanhã para pedir soluções. A vice-diretora Evanir Teixeira Rigo afirma que se a prefeitura não tomar providências, pais, professores e funcionários denunciarão a situação ao Ministério Público.

– A fiação está um emaranhado. Nem mesmo os engenheiros da prefeitura se arriscam em subir lá, já que a fiação corre abaixo do zinco, que também precisa ser trocado urgentemente. Quando chove, molha tudo – relata a vice-diretora.

A professora conta que dois ventiladores já incendiaram devido a sobrecarga na rede elétrica e que duas salas de aula foram interditadas pela própria prefeitura, denunciando a precariedade da escola. A Smed afirma que ainda esse ano deve começar a execução das obras no colégio. O valor do projeto, não revelado, seria o principal empecilho para a não execução até o momento.

– Solicitamos o projeto à Secretaria de Desenvolvimento para licitar a obra. A escola havia colocado como prioridade a revitalização do ginásio, e nós fizemos. Agora é outra demanda que nós vamos cumprir ainda neste ano – explica a secretária de Educação da cidade, Silvana Guerino.

Falta de segurança e de professores fez Cilon Rosa reduzir períodos

Na Escola Estadual Cilon Rosa, a situação já é conhecida: o muro danificado foi derrubado na semana passada e será substituído. Mas a falta de segurança e a ausência de cinco professores no quadro funcional fez com que a direção da escola liberasse os alunos mais cedo já no primeiro dia de aula. A situação deve se repetir.

– O muro caído causa insegurança. Não temos controle de quem entra na escola. A falta de professores ainda ajudou para que tomássemos essa medida – afirma o diretor, Leonardo Gonçalves.

Conforme coordenadora adjunta da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE) e coordenadora de Recursos Humanos, Ana Cristina Tavares de Oliveira, o órgão desconhecia o problema da falta de profissionais na escola.

– O gestor (do Cilon Rosa) não enviou o quadro de professores da escola, então, não tínhamos como saber essa situação. Para nós estava tudo certo. Se ele precisa de ajuda, pode recorrer à CRE – ressalta Ana Cristina.

DIÁRIO DE SANTA MARIA
Ronald Mendes / Agencia RBS

Sem barreiras: muro do Cilon Rosa foi derrubado, deixando pátio da escola sem segurança
Foto:  Ronald Mendes  /  Agencia RBS


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